A Comissão Processante se pronunciou recomendando a cassação do vereador Sandro Fantinel (sem partido) por sua desastrada e preconceituosa manifestação contra trabalhadores baianos no famoso 28 de fevereiro, na tribuna da Câmara. Agora a votação do parecer, isto é, a votação se Fantinel será cassado ou não, será na próxima semana, provavelmente na terça-feira. É o momento de os vereadores definirem seus votos.
Há um distanciamento no calendário do dia 28 de fevereiro, com toda a estrondosa repercussão nacional e internacional que o discurso de Fantinel produziu. O distanciamento deixou vereadores mais à vontade para cogitar sobre o voto. A reaproximação com o fato, no entanto, deve retornar e crescer até a sessão de votação pela cassação ou arquivamento. Existe, desde sempre, essa influência no espírito, no ânimo e na reflexão dos vereadores.
Vale lembrar que, na sessão de 2 de março, a Câmara aprovou a abertura do processo de cassação contra Fantinel por unanimidade. Foram 21 vereadores favoráveis e, desses, 17 parlamentares declaram seu voto, que já havia sido registrado no painel. Isto é, diante da repercussão e de manifestantes no plenário, sentiram necessidade de demarcar claramente suas posições, contrárias à fala de Fantinel. Naquela ocasião, apenas quatro vereadores não falaram: Alexandre Bortoluz (PP), Adriano Bressan (PTB), Gladis Frizzo (MDB) e Velocino Uez (PTB). Mas votar para abrir um processo de cassação é uma coisa, votar para cassar é outra bem diferente.
Depois disso, sobreveio o distanciamento do calendário do epicentro de 28 de fevereiro, estabelecendo-se uma percepção de bastidor no Legislativo de que rejeitar a cassação está longe de ser impossível. Pelo contrário. Afinal, são necessários não mais do que oito votos para salvar Fantinel, e ele tem um grupo de vereadores que lhe são próximos politicamente. Por ocasião do debate em torno da abertura do processo de cassação contra o vereador Lucas Caregnato (PT), as duas situações foram relacionadas em discursos na Câmara, com o propósito de equilibrá-las para obter um resultado político. Um desses discursos, da vereadora Gladis, deixou explícito:
– Hoje a gente pode estar julgando, amanhã a gente será julgado. Os pesos têm de ser iguais. É um peso e uma medida.
Indicando qual seu peso e qual sua medida, Gladis votou contra a abertura de processo contra Caregnato. A partir de agora, porém, com o momento da votação se aproximando e a atenção geral retornando sobre a Câmara de Caxias e a cidade, volta a se alterar o contexto para a definição do voto dos vereadores.
As chances de Fantinel escapar da cassação aumentaram de 28 de fevereiro para cá, mas este cenário não pode ser dado como definitivo.
Há inúmeras variáveis
A questão que está colocada é: pelo menos oito vereadores vão bancar uma exposição da cidade e salvar Fantinel ou não? Há muitas variáveis, algumas delas sutis, como se haverá ou não posicionamento de bancadas e orientação partidária. No caso do PDT, é provável que aconteça. Com 2024 no horizonte, e inclusive até um nome já colocado para prefeito entre os vereadores, haverá também algum condicionamento eleitoral a orientar o voto, embora esse condicionamento possa se dar para um lado ou outro.