O projeto que eleva a multa para quem alimentar pombos na área urbana de Caxias do Sul foi aprovado na Câmara na sessão desta quinta-feira (24/11) por 13 votos a 7. A distribuição dos votos dá a ideia de que o assunto segue polêmico. Houve extenso debate, aberto pelo vereador Juliano Valim (PSD), presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Animais. Valim foi corajoso ao defender pontos de vista em uma cidade onde boa parte dos moradores antipatiza com os pombos. Aliás, uma rara cidade em que há essa antipatia. Valim enumerou a atração dos pombos como interesse turístico em diversas cidades importantes pelo mundo e desafiou: disse que os dois principais interesses turísticos na Praça Dante Alighieri são a Catedral Diocesana e os pombos da praça.
– Quem quer que veja nas câmeras (o interesse dos turistas) – propôs.
Também argumentou que eventuais visitantes à cidade que desconhecem a lei podem passar pelo constrangimento de uma multa elevada e levar uma ideia negativa da cidade.
Já o vereador Felipe Gremelmaier (MDB), que votou contra, disse que o aumento de multa, por si só, não resolve. O vereador Elisandro Fiuza (Republicanos), que protagonizou a inusitada situação de declarar voto contrário e depois votar a favor, tocou no ponto central da discussão:
– Não está explicitado (pelo Executivo) o plano de ação que teremos (diante da polêmica dos pombos), principalmente no quadrilátero central.
O vereador Maurício Scalco (Novo) tocou no argumento preferencial de quem defende restrições aos pombos: a questão da saúde pública, especialmente com a sujeira no Centro. A sujeira existe. A questão da saúde é altamente polêmica, pois há teses e estudos para um lado e para outro, e sujeira de qualquer ser vivo causa problemas de saúde. Não só dos pombos.
Discussão apaixonada
Não se desconhece os problemas causados por uma população numerosa de pombos e seus efeitos. Mas faltam uma discussão mais ampla e, enquanto ela não ocorre, a adoção de ações pontuais e cotidianas para problemas causados por eles, como a limpeza sistemática da sujeira que causam em áreas públicas. Faz parte da zeladoria da cidade, e o trabalho tem de ser feito. A discussão sobre os pombos é apaixonada e está ocorrendo em um ambiente de incertezas diante das teses defendidas.
A prefeitura faz estudo em parceria com a UCS para mapear os efeitos dos pombos, doenças causadas por eles e métodos de controle de uma população excessiva, se for esse o caso. O foco do estudo é na saúde. A questão, no entanto, envolve também outras áreas, como lazer, meio ambiente, humanização da cidade, acolhimento de visitantes e, portanto, o turismo. Ninguém quer uma cidade dura, sem encantamentos urbanos. É preciso uma visão abrangente e compatibilizar as demandas em torno de uma questão urbana.