O movimento de bloqueio de rodovias do país por caminhoneiros, assumidamente político, adquiriu magnitude nesta segunda-feira, mas, já na noite do mesmo dia, começou a faltar fôlego, por iniciativa de determinações do Supremo Tribunal Federal (STF). A tranqueira que impede a livre circulação de pessoas, de cargas e de veículos foi uma reação à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência.
Uma manifestação do presidente Jair Bolsonaro em respeito ao resultado das urnas, que até a manhã desta terça-feira ainda não tinha vindo, pode retirar sustentação para o prosseguimento ou retomada dos atos. Bolsonaro não tem alternativa, a não ser que decida partir para uma aventura. Líderes políticos como os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), inclusive bolsonaristas, como o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), já reconheceram o resultado das urnas.
Os movimentos de bloqueio cresceram na segunda-feira de forma aleatória nas rodovias e ruas de capitais, mas já falta sustentação institucional e política, não contam com simpatia de boa parte da população e nem têm distribuição homogênea pelo país, pois ocorrem especialmente na Região Sul e menos no Nordeste, por exemplo. Além disso, o bloqueio nas rodovias causa prejuízos à população, à economia e às empresas, e é um tiro no pé.
Flavio, o filho mais velho de Bolsonaro, foi às redes sociais e escreveu: “Vamos erguer a cabeça e não vamos desistir do nosso Brasil.” As urnas falaram. Qualquer iniciativa que não respeite a voz das urnas é uma aventura antidemocrática e um desastre internacional. Os governos de diversos países já reconheceram a vitória de Lula.