No primeiro dia de propaganda eleitoral para o governo do RS, ganhou repercussão uma afirmação do candidato Onyx Lorenzoni (PL): “Os gaúchos e as gaúchas entenderam que vão ter, se for da vontade de Deus e do povo gaúcho, um governador e uma primeira-dama de verdade, que são pessoas comuns e que têm uma missão de servir e transformar a vida dos gaúchos para melhor.” A parte sobre ter “uma primeira-dama de verdade” torna-se uma insinuação à condição de Eduardo Leite (PSDB) ser gay – já tornada pública pelo tucano – e de ter um namorado. Não há como dissociar o comentário de Onyx desse contexto. À noite, ele postou um vídeo em suas redes sociais:
– Cada um faz o que quer de sua vida privada. Acumulo 30 anos de vida pública defendendo as liberdades individuais – disse ele.
A citação de Onyx se insere nos piores momentos da propaganda eleitoral, que não são poucos. Como esperado, a temperatura dos ataques está subindo no horário eleitoral para presidente. Ainda assim, eles convivem com outros aproveitamentos do horário, o que ajuda a amenizar o ambiente de enfrentamento em rádio e tevê. Mas os ataques são fortes. É “mentiroso” e “corrupto” para lá e para cá. Nos debates para presidente, as agressões têm sido corriqueiras. A sucessão de direitos de resposta no debate da Globo tem lugar especial entre os piores momentos. O que também já era esperado é que as fake news se esparramassem vertiginosamente, em especial nas redes sociais. A responsabilidade pelo mau uso da propaganda, portanto, é de candidatos e eleitores. Entre as mais recentes está um tuíte atribuído falsamente ao candidato Jair Bolsonaro (PL) sobre supostas razões do fracasso da Igreja Católica, que seria uma resposta às críticas recebidas por sua passagem por Aparecida. No âmbito das igrejas, a fake news de que Lula iria fechar templos foi das que mais ganhou propagação. Também recente, outro tuíte e uma montagem falsos atribuem a Lula um prazo para que a população devolva voluntariamente suas armas e a proposta de redução do armamento das polícias militares.
Espaço para debate de propostas para o país, ainda resta algum no horário eleitoral, mas é bem minoritário. Em outros tempos, campanha eleitoral era festa democrática, com mais conteúdo e menos agressividade e enfrentamento.