Faltam doses de realismo aos candidatos. Debates eleitorais evidenciam essa característica. É que o ambiente eleitoral é propício para promessas, e quase ninguém se contém – nem aqueles que também dispensam alguma atenção ao realismo. Vão discursando sobre intenções e planos que podem parecer soltos no ar. Do conjunto das intervenções dos candidatos, consegue se perceber aqueles com mais inclinação para o realismo administrativo que vão encontrar ali na frente, isto é, sobre como concretizar aquilo que estão propondo, e outros que não têm compromisso nenhum. Pode ser esse um critério de escolha de um candidato pelo eleitor e pela eleitora.
Por outro lado, a questão "de onde vai sair o dinheiro" para tanta boa intenção, por vezes, ela é superestimada. Sim, é muito importante a proposta vir acompanhada de pelo menos uma pista, uma ideia, uma alternativa sobre de onde sairá o dinheiro. Mas a realização de um ponto previsto no plano de governo de um candidato depende, na origem, de sua formulação adequada e de vontade política, de querer fazer, de ir atrás de alternativas de financiamento que, muitas vezes, se abrem e se tornam mais claras apenas lá na frente, diante das possibilidades e perspectivas administrativas, já no exercício do poder.
Essas alternativas de financiamento poderiam ser mencionadas e sugeridas desde já, pelo menos de forma genérica, e já será um esboço útil. Será pedir demais, porém, que as propostas venham todas elas empacotadas em detalhes no que se refere à origem dos recursos, ainda mais nos poucos segundos disponíveis em um debate. Mas ganhará muitos pontos aquele candidato que oferecer alternativas e um quadro mais claro de como elas poderão ser financiadas. Sem alguma ideia esboçada ou já pensada, não resta dúvida, uma proposta jogada para cima em um debate ou horário eleitoral fica solta no ar.