O acesso ao bairro Planalto, na BR-116, é uma novela que parecia próxima do fim, mas vai se prolongar, sabe-se lá por quanto tempo. Após uma reunião com lideranças comunitárias, secretários municipais e o vereador Lucas Caregnato (PT), há cerca de duas semanas, ficou definido que não haverá mais passarela para pedestres, que constava do projeto original. Um outro projeto, inclusive, propõe alterações de traçado, com acesso efetivo ao bairro um pouco mais abaixo de onde ele existe hoje, e um sistema de semaforização para viabilizar uma solução. Em consequência, será preciso reapresentar projeto, agora sem passarela e com algumas alterações, para buscar outra vez os recursos para a obra. E a comunidade vai esperar mais um pouco. A passarela estava orçada em R$ 6 milhões, com recursos da Cooperação Andina de Fomento (CAF).
Na sessão de ontem, o vereador Wagner Petrini (PSB), que é presidente da Comissão de Desenvolvimento Urbano, Transporte e Habitação (CDUTH) da Câmara, manifestou-se a respeito. A desistência do projeto original por parte da prefeitura e lideranças do bairro não foi bem assimilada. Assim, ele anunciou a convocação de uma reunião pública da comissão que preside para o dia 20 de julho, com a presença de secretários municipais envolvidos e representantes do Dnit, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte.
— Precisamos entender de fato o que está ocorrendo. A pedido do meu colega de partido e ex-vereador, Edi Carlos (Pereira de Souza) e de moradores da região Planalto, a CDUTH vai fazer essa reunião pública em relação a essa rótula, que tinha o dinheiro já aprovado, já tinha o projeto e não saiu do papel não sei por quê?
Obra enredada desde 2014
O vereador Wagner Petrini historiou os obstáculos e as etapas percorridas, pelo menos desde 2014, para implantação do acesso, que outra vez será protelado. A novela, no entanto, é histórica. É um exemplo pedagógico de como são enredadas as obras públicas, como um acesso pela BR-116 a um bairro específico da cidade, onde os acidentes são frequentes e vidas já foram perdidas. Em 2014, surgiu autorização da Câmara ao Executivo para contratar crédito junto à CAF da ordem de US$ 50 milhões para a construção de dois viadutos na Perimetral Norte. O empréstimo ficou em US$ 33 milhões. Porque as obras eram muito caras, o Executivo desistiu dos viadutos, destinando a verba para asfaltamento no interior e melhorias viárias na cidade, entre elas ao acesso ao Planalto.
"Não pode cair por terra"
O então prefeito Daniel Guerra, em abril de 2019, anunciou a construção do novo acesso ao Planalto com investimento de R$ 6 milhões. A licitação só foi lançada em janeiro de 2020, mas o município decidiu rescindir o contrato com a empresa vencedora, a Salver, por não apresentar um plano de ação para as obras. No início deste mês, a Salver desistiu formalmente de fazer a obra.
— Muito foi feito para conseguirmos elaborar um projeto adequado às especificações técnicas do Dnit. Muito foi feito para garantir o aporte de seis milhões junto a empréstimo internacional. Tudo isso não pode cair por terra. Por que essa pressa em anunciar a inviabilidade do projeto? — disse Petrini.