Certamente, você, leitor, já se deparou com notícias sobre o IDH, o Índice de Desenvolvimento Humano. Apesar de o nome parecer autoexplicativo, se avaliarmos bem ao fundo o que esse índice significa enquanto leitura das reais condições de uma cidade, de um estado, de um país, de uma sociedade, poderemos compreender muitas das forças e ações que têm o poder de impactar nossas vidas.
O Índice de Desenvolvimento Humano foi introduzido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em 1990. A ideia era proporcionar uma avaliação mais abrangente do desenvolvimento de um país, indo além de indicadores meramente econômicos (até porque nem sempre ter dinheiro significa ser desenvolvido, basta ler as notícias sobre subcelebridades em geral). O IDH é calculado anualmente, utilizando dados como expectativa de vida ao nascer, anos de escolaridade e renda per capita. O IDH varia de 0 a 1, sendo 1 o grau de desenvolvimento máximo. Países com IDH elevado, como a Noruega com 0,938, refletem qualidade de vida e harmonia em todos os quesitos importantes para uma sociedade. Já países com IDH baixo, como Níger com 0,261, enfrentam não só desafios socioeconômicos, mas lutam para manter um mínimo de condições para sobrevivência de sua população.
No Brasil, o IDH reflete todas as contradições e os choques entre realidades absolutamente opostas às vezes dentro de uma mesma cidade. Se tomarmos Caxias do Sul como exemplo, há áreas com IDH parecido com o da Noruega, enquanto outras têm um índice pouco acima de Níger. Como explicar tanta desigualdade? Por que em três décadas de cálculo pouco ou nada mudou? Uma explicação definitiva está longe de ser possível, mas vou deixar aqui um tema para reflexão. Nossos governantes, gestores dos nossos impostos, têm o péssimo hábito de varrer problemas sérios para debaixo do tapete. Esses mesmos problemas recebem uma maquiagem bonitinha em campanhas midiáticas e discursos edificantes para a imprensa que, na verdade, só iludem a população.
Querem um exemplo? A péssima qualidade da educação pública está sendo disfarçada por projetos pedagógicos que evitam a reprovação de alunos a todo custo. Depois de um ano letivo inteiro, o estudante que se esforçou e se dedicou e aquele indivíduo que não fez absolutamente nada serão aprovados da mesma forma. Para fins de cálculo de IDH, não importa se aquele aluno avançou mais uma etapa escolar não por mérito, mas por canetada: lá estará ele frequentando mais um ano letivo, perturbando as aulas, desrespeitando os professores e os colegas estudiosos – sem aprender e sem evoluir, mal sabendo ler, escrever e calcular – e nada sofrerá pelas consequências de suas péssimas atitudes. Sem educação de real qualidade, não há qualquer chance de desenvolvimento humano.