Dias atrás estive em Gramado e fiquei extremamente irritada com uma estratégia de marketing que, além de burra, era totalmente inconveniente para qualquer pessoa que, como eu, queria só poder passear tranquila pelas ruas decoradas da cidade neste comecinho de Natal Luz. A cada cinco passos – e não estou exagerando – havia alguém me abordando para “dar um brinde” desde que eu preenchesse um cadastro ou para “ganhar um desconto” desde que entrasse em determinado estabelecimento.
Por isso, recebi com grande satisfação a notícia de que a prefeitura de Gramado tomou a decisão corretíssima de proibir esse tipo de abuso contra os turistas: essas propagandas insistentes nas ruas parecem um telemarketing ao vivo, um live-action de incomodação. Imaginem estar de férias ou num passeio em família e não poder simplesmente curtir a atmosfera do local porque é interrompido o tempo todo por vendedores de planos de multipropriedade de empreendimentos imobiliários ou promotores de parques, restaurantes e atrações. Segundo a própria prefeitura, foram mais de 6 mil reclamações em redes sociais e canais de atendimento na central de informações turísticas.
O que mais me intriga é de onde saiu essa ideia de jegue de que esse tipo de abordagem, que constrange e intimida o transeunte, tem alguma chance de conquistar um cliente. Na verdade, faz exatamente o contrário: um cliente em potencial pode pegar ranço do negócio pela forma como lhe foi apresentada a oportunidade. Sinceramente, não sei o que estão ensinando nos cursos de vendas e de marketing, mas uma coisa me parece óbvia: sobra preguiça em ser criativo e faltam respeito e competência ao atingir o público alvo da forma correta.
Talvez por acharem que todo mundo que visita a Região das Hortênsias tenha certo poder aquisitivo – até porque hoje, no Brasil, sem dúvida alguma, é um dos destinos mais caros que há –, a voracidade em prospectar clientes em potencial chega a ser agressiva. Como dizem, “quem não oferece não vende”, mas há várias formas mais inteligentes de se oferecer um produto ou serviço a alguém. Convenhamos que um folheto bem feito e caprichado com informações precisas e contato, entregue de forma educada e gentil, tem mais chance de despertar o interesse de um comprador do que aquela garota que praticamente me puxou pelo braço para pegar meu nome e telefone. Quando reclamei da abordagem, ela retrucou: “Por que não ficou em casa, então?”.
Incrível o despreparo dessa gente, reflexo da postura desleixada de seus superiores e que prejudica imensamente o produto ou serviço que estava sendo promovido, ou melhor, “atirado” de qualquer jeito. O efeito sempre vai ser justamente o contrário do que se esperava: em vez de um novo cliente, perde vários.