Muitos historiadores afirmam que uma das principais razões do poder imensurável do Império Romano foi a obsessão dos imperadores em construir estradas, pontes, conexões entre seus vários territórios que abrangiam vastas áreas da Europa, África do Norte e Ásia Menor. As estradas romanas proporcionaram uma rede de comunicação e transporte que ligava todas essas regiões, permitindo uma administração mais eficaz, trocas comerciais e mobilidade das tropas. A construção e manutenção das estradas romanas eram notáveis por sua qualidade e durabilidade. Os romanos desenvolveram técnicas avançadas de engenharia, como a construção de estradas com uma camada de base de pedras firmemente compactadas, o que permitia que essas estradas durassem séculos.
Em resumo, as estradas romanas foram uma parte vital da infraestrutura do mais poderoso império da antiguidade, desempenhando um papel crucial na unificação, administração, comércio, defesa e integração cultural de Roma. Sua importância perdurou por séculos após o declínio do Império Romano, influenciando o desenvolvimento das estradas e sistemas de transporte em muitas partes do mundo. Principalmente, esse conceito de estabelecer rotas, verdadeiras artérias que irrigavam o organismo vivo formado pelas vilas, campos, comunidades, cidades e países tornou-se fundamental para o progresso da humanidade. Anos mais tarde, tais rotas saíram da terra para percorrer mares “nunca d’antes navegados”, e as Grandes Navegações conectaram não só territórios e países, mas continentes e oceanos.
Não é à toa que hoje a China — que se estabelece cada vez mais como uma grande potência mundial — não mede esforços em sua estratégia “soft power” para ampliar a Nova Rota da Seda. Também conhecida como Belt and Road Initiative (BRI), é um ambicioso projeto de infraestrutura que visa conectar a China a várias regiões do mundo por meio de redes de transporte terrestre e marítimo. Lançada em 2013, a BRI busca promover o comércio, a cooperação econômica e o desenvolvimento global, abrangendo mais de 140 países em múltiplos continentes.
Todo o contexto que apresentei acima tem o único objetivo de demonstrar o quanto uma estrada, uma ponte, uma ligação é crucial para a economia e o desenvolvimento de um país, de uma região. Passada uma semana de uma das maiores tragédias que o estado do Rio Grande do Sul já enfrentou, o momento agora pede tentar trazer algum conforto aos mortos e de reconstruir as cidades que praticamente desapareceram do mapa. As prioridades são essas, sem dúvida alguma. Contudo, também precisamos com urgência reestabelecer as ligações entre as cidades da região da Serra e do Vale do Taquari, artérias que nutrem nossa existência e nossa relevância. Deixar isso para mais tarde é um erro que não pode ser cometido de modo algum: cada ponte caída e não reconstruída significa uma cidade que definha aos poucos prolongando o sofrimento de muitos.