Nesta semana do Dia dos Pais, quero homenagear principalmente aqueles pais e figuras paternas que dão um jeito de se fazer presente, de proteger, educar, cuidar, dar amor e carinho aos filhos seja lá qual for a dificuldade ou obstáculo que a vida joga pra cima deles.
Dias atrás, final de julho, com as escolas ainda de férias, vi uma cena num posto de gasolina em Caxias do Sul que me comoveu demais. Enquanto aguardava minha vez de calibrar os pneus do meu carro, um motoboy fez sinal de que já estava terminando a calibragem da motocicleta dele. E foi só então que vi ela, a menininha de capacete rosa, mochila de tele-entrega nas costas. Devia ter entre 8 e 9 anos, sorria e conversava com o motoboy, talvez pai dela, talvez tio, talvez irmão mais velho, mas sem dúvida uma figura paterna presente e muito afetuosa com a menina.
Não fazia tanto frio naquele dia, mas a guriazinha estava devidamente agasalhada, bem arrumadinha, alegre — dava para ver que eram parentes, porque eram muito parecidos, e o olhar daquele rapaz para a menina é o tipo de olhar que só uma filha que sempre foi muito amada por sua família pode receber. Ele manobrou a moto, a menina pulou na garupa com a mochila — que não era pesada nem muito volumosa – e lá se foram os dois rua abaixo numa tarde ensolarada de quinta-feira. Olhei para a frentista que estava me auxiliando e disse: “Férias de julho e as famílias têm que dar seu jeito, né?”. A frentista concordou comigo. E me contou que outro dia um rapaz que faz entregas de carro também estava com a filhinha pequena, de cinto bem ajustado na cadeirinha no banco de trás, porque não tinha com quem deixar a menina durante o recesso escolar.
Eu fico pensando que pouco se reconhece o papel desses homens que realmente se fazem presentes na criação dos filhos. As mães dessas meninas certamente também estavam trabalhando e não havia ninguém que pudesse ajudar, muito menos recursos para arcar com o alto custo de uma recreação infantil na rede privada. Então, em vez de dar de ombros, esses homens assumiram os cuidados necessários. E isso é mais comum do que se imagina.
Acho uma lástima que em tempos de gritaria de um feminismo burro e maniqueísta, que rotula todo homem como potencial “macho escroto”, pouco se valoriza a figura masculina e seu importantíssimo papel na educação dos pequenos. Qualquer elogio para um pai presente é recebido como uma submissão ao “patriarcado”. Que bobagem! Se antigamente o cuidado e o carinho eram maternos enquanto a proteção e o provimento eram paternos, hoje todas essas atividades se misturam e são largamente compartilhadas dentro das famílias que seguem em frente como um verdadeiro time.
Quando há amor, há cuidado. E quando há cuidado, se criam as condições necessárias para as crianças crescerem e se desenvolverem como indivíduos preparados para o futuro. Feliz Dia dos Pais a todos vocês, e principalmente ao meu pai, que sempre, sempre, sempre se fez presente.