Quase um ano e meio após ter o pedido de recuperação judicial aprovado pela Justiça, a Rodobrás teve homologado, na última semana, o plano para reerguer a urbanizadora. Agora a empresa que constrói loteamentos dá início à aplicação das etapas propostas para levantar recursos para saldar as dívidas com credores.
De acordo com Flávio Tonietto, gestor da companhia, o plano sofreu alterações do que foi inicialmente apresentado no pedido de recuperação judicial em janeiro do ano passado, quando o gestor à época era o fundador da urbanizadora, Ovídio Deitos. O deferimento da recuperação judicial foi concedido cerca de uma semana depois da morte do proprietário. E a nova gestão assumiu logo em seguida.
— Nós mudamos todo o plano jurídico, área técnica e contabilidade. Ao longo deste ano, trabalhamos com todos os credores. Hoje são 17 empreendimentos que foram vendidos e não foram finalizados. Estamos falando de pouco mais de 800 credores. Então nós trabalhamos o ano todo para ajustar um plano que fosse viável para a empresa se recuperar e finalizar estes empreendimentos —explica Tonietto.
O que foi acordado é que cada empreendimento, para ser finalizado, receba um aporte financeiro de cada proprietário para que a empresa tenha fôlego para assumir compromissos com os demais credores, como os trabalhistas. Esse plano foi apresentado de forma detalhada no dia 6 de julho e foi aprovado em todas as classes durante assembleia.
O próximo passo do processo é o prazo de 60 dias para que todos os credores se habilitem no plano. E o plano prevê um ano para pagamento.
Inicialmente, na apresentação do primeiro plano, as dívidas estavam estimadas em cerca de R$ 50 milhões. Novo levantamento apontou R$ 210 milhões.
Aporte dos credores para finalizar obras será de R$ 70 milhões
Segundo a Rodobrás, a grande massa de credores é de proprietários de terrenos. De 17, 12 vão ter a possibilidade de serem finalizados com o aporte dos próprios proprietários. Com isso, em torno de R$ 70 milhões vão ser absorvidos pelos credores, segundo a empresa.
— Cinco que não terão condições serão indenizados com empreendimentos futuro que já estamos desenvolvendo — explica Flávio Tonietto.
Pedro Deitos Tonietto, que também atua na nova gestão da urbanizadora, ressalta que o valor que será aportado pelos credores para conclusão da obra já está embutido na própria valorização dos terrenos, muitos com mais de décadas da negociação inicial. A Rodobrás entrará com toda a parte de projetos.
De acordo com José Darci Pereira Soares, da sociedade de advogados Morsch Soares Rizzardo e Gava, estabelecida em Bento Gonçalves e responsável pela administração judicial, diz que já estão sendo recebidas as manifestações sobre adesão ou não ao plano, pois o credor poderá escolher se quer aportar recursos ou entrar na fila para receber.
Soares acrescenta que a administração judicial acompanha o processo desde sua nomeação em março de 2021, acompanhando o processo em todas as suas etapas: fazendo o acertamento de créditos, presidindo a assembleia geral de Credores que se desdobrou em três sessões distintas, a última dela em 6 de julho. E, de agora em diante, continuará fiscalizando o cumprimento do plano de recuperação. Nesse escopo, mantém contatos com a gerência da empresa, seus advogados e com qualquer credor que necessite de informações.
— Os administradores são a "longa manus" do Poder Judiciário a quem presta contas mensalmente mediante encaminhamentos de relatórios que também são disponibilizados no site da administradora — explica Soares.
Novos lançamentos estão previstos
Além dos trabalhos previstos no plano de recuperação judicial, a Rodobrás prevê novos lançamentos. Tem projeto de uma área de um loteamento com 1,2 mil unidades na região da Parada Cristal, em direção a São Marcos.
A companhia aguarda que a área seja cadastrada como de interesse social para seguir com todos os licenciamentos. O empreendimento espera um retorno entre R$ 30 e R$ 40 milhões.
A Rodobrás atua no ramo de loteamentos desde 1974 e foi responsável pela urbanização de grandes regiões de Caxias. A empresa fez os primeiros loteamentos urbanos da cidade, como o Vila Nova, próximo à sede do Recreio da Juventude, além de fazer a abertura de loteamentos na entrada da cidade às margens da RS-453, como o Villagio Iguatemi, Desvio Rizzo e o Cidade Nova.