A Viezzer Engenharia está há mais 45 anos no mercado de imóveis residenciais, comerciais e institucionais. Com sede em Caxias, foi idealizada por Olivir Hilário Viezzer, que desde 1974 atua como engenheiro civil. Sendo o mais velho de 13 irmãos, desde muito cedo precisou trabalhar para auxiliar no sustento da família.
Para pagar a faculdade, trabalhava com a representação de duas empresas caxienses que precisavam colocar seus produtos na Capital: a Frigorífico Peteffi e a Laticínios Pampa. Improvisando uma quitinete na sede da empresa e começando a jornada de trabalho às 5h para conciliar com os estudos, ainda teve tempo para empreender.
— A solução ficou perfeita, pois, ao mesmo tempo, eu era o guarda do depósito e morava na empresa, otimizando tempo e dinheiro — relembra.
Registrou a primeira empresa em conjunto com Agenor Posenatto, que era vendedor e tinha uma Kombi para fazer as entregas. Antes da Viezzer, portanto, comandou a Caxias Transportes, Representações e Comércio. Em paralelo, mantinha o trabalho no escritório de projetos. Como engenheiro civil autônomo, projetou e executou quase uma centena de imóveis. Com a renda obtida, passou a investir em terrenos e foi possível construir a sede própria da Caxias Transportes e a casa em Porto Alegre. A partir daí, passou a investir em Caxias, adquirindo vários terrenos que, posteriormente, foram incorporados à Viezzer Engenharia, que se tornou o seu único negócio.
Atualmente, mesmo ainda permanecendo como diretor presidente da Viezzer, o fundador está em transição para ser membro do Conselho, deixando a direção da empresa para os três filhos, o engenheiro civil Oliver Chies Viezzer, a advogada Gerenise Viezzer e a psicóloga Vaneíse Viezzer. A seguir, confira um pouco da história deste precursor do mercado da construção civil em Caxias e no Estado:
Como era a formação de engenharia na época?
No início da década de 70, quando fiz minha faculdade da PUC-RS, a formação abrangia todos os campos da atividade de Engenharia Civil de forma genérica, fornecia os fundamentos e habilitações necessárias para desenvolver qualquer trabalho profissional de forma integral. O ciclo da cadeia produtiva era muito maior, pois não havia auxílio da tecnologia que existe hoje, seja para o projeto, seja para execução.
Hoje, os softwares de projetos simulam obras em 3D e 4D em poucas horas. Já, naquela época, o tempo de execução de um projeto completo durava meses e dependia de sua complexidade. O projeto era feito a lápis em papel manteiga, depois graficado em nanquim no papel vegetal e posteriormente copiado em papel amoniacal e revelado.
Não havia computador, os cálculos eram manuais, feitos com auxílio da régua de cálculo ou da calculadora científica HP 35, que estava chegando no mercado via importação. Demandava bastante tempo e, além disso, eu fazia todos os projetos complementares das obras: arquitetônico, elétrico, hidrossanitário e estrutural.
Recordo que não havia celular, nem internet e buscávamos os fornecedores visitando pessoalmente cada empresa em viagens específicas, principalmente para Santa Catarina, levando junto toda a família (a esposa e os filhos pequenos). Os negócios eram fechados presencialmente, olho no olho.
A vida tem me mostrado que existem vantagens e desvantagens em ambos os modelos. Com o avanço das novas tecnologias, a tendência por especialistas é irreversível. O ciclo ficou mais curto, as exigências de prazo e qualidade cada vez maiores. A vida passa muito mais rápido e é necessário equilíbrio emocional para valorizar o que realmente importa.
Qual foi a primeira obra que assinou?
Quando me formei Engenheiro, muitos clientes da Caxias Transportes (minha primeira empresa com sede em Porto Alegre), que conheciam o esforço que tive em me formar e torciam por mim, passaram a contratar meus serviços ou a indicar a amigos. Lembro do dono da Gráfica que imprimia os meus talões de notas, cujo irmão queria construir uma casa em Atlântida: esse foi o primeiro projeto que assinei com minha ART.
Rapidamente, atingi o limite máximo de contratação de obras permitido pelo CREA e dependia de concluir uma obra para poder contratar outra. Sempre tinha uma lista de espera aguardando a baixa de uma obra para poder contratar outra.
De lá para cá, são quantos prédios construídos?
A Viezzer Engenharia construiu, ao longo de quase cinco décadas de atividade, 298 prédios, com 8177 apartamentos, distribuídos por 60 empreendimentos. Se considerarmos uma média de 3 pessoas por unidade habitacional, podemos dizer que mais de 24.000 pessoas moram em lares construídos pela Viezzer Engenharia. No momento, temos em construção 4 prédios em Caxias e 7 em Canoas. Estamos preparando para ano que vem o lançamento de mais 3 prédios em Caxias e 5 em Canoas.
Como é ser pioneiro do mercado da construção civil na Serra e ter visto de perto o desenvolvimento da cidade?
Os pioneiros não tinham tempo de olhar para trás e, perseguindo seu ideal, fizeram história. Sempre procurei me orientar pelos grandes líderes na busca do meu ideal. Sem paradigmas, realizei sonhos que jamais havia imaginado. Como diz Jean Cocteau, “Não sabendo que era impossível, foi lá e fez”.
Vi as maiores empresas da Construção Civil da Serra da minha época passarem por dificuldades de todos os tipos. Passamos por grandes turbulências, como a extinção do BNH, quebra de uma das maiores incorporadoras do País, ENCOL, em 1999, deixando um rastro de 42 mil famílias perdendo tudo que haviam investido na realização do sonho da casa própria. Esse fato trouxe muitas dificuldades e descrédito para o nosso setor, pois ninguém mais tinha confiança para comprar um imóvel na planta. Ainda tivemos mudanças de planos econômicos, trocas de moeda, entre tantas coisas.
Foram tempos de provação, mas que trouxeram amadurecimento e crescimento das empresas que se perseveraram em meio a tudo isso. Além de que, estes fatos trouxeram a necessidade maior de nos reunirmos junto às entidades de classe na luta por uma legislação que pudesse dar segurança jurídica aos empreendedores e compradores. Foi aprovada em 2004 a criação do marco regulatório com a Lei do Patrimônio de Afetação (Lei 10.931).
Sempre fostes também muito atuante nas entidades empresariais da cidade, o que acredita que a região precisa para ser ainda mais protagonista?
Em 1989, trouxe a Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa para Caxias (ADCE), a fim de que as empresas pudessem entender a importância dos valores cristãos dentro das instituições, como forma de humanização das relações de trabalho. Com o tempo, passei a me envolver nas atividades institucionais de entidade e sindicatos, como o Sinduscon, Câmara Brasileira da Construção Civil, SEAAQ, Fiergs, Senai, SEBRAE e CIC, das quais sempre permaneci ativo, buscando contribuir com o crescimento da cidade e do segmento.
Acredito que as lideranças atuais possuem um grau de dificuldade maior em atender os anseios da nossa sociedade, pela complexidade atual do mundo dos negócios. A indústria que conhecíamos no passado, não existe mais. A velocidade das mudanças exige uma constante alteração do perfil produtivo da região. Não acho que faltem lideranças nas entidades de classe da nossa Região. O que vemos é uma pluralidade de interesses e a dificuldade de se chegar ao consenso do que é mais importante: a coletividade. Penso que para nossa cidade seria importantíssimo ter uma maior representação política. Elegemos parlamentares de outras regiões com menos comprometimento com Caxias e região. No passado fazíamos isso e com o passar do tempo perdemos nossa representatividade.
Recentemente, a Viezzer inaugurou um prédio conectado com as tendências, com muita tecnologia. Como é ver tudo isso depois de quase cinco décadas no mercado da construção e como enxerga o futuro do setor?
Após quase cinco décadas atuando no setor, vejo o futuro com otimismo e certa cautela. Acredito que as empresas que souberem se reinventar e se reestruturar para entender os desafios mercadológicos do novo perfil de cliente, em tempos de “5G”, terão sucesso garantido.
Preocupação com a sustentabilidade nos projetos, execução de condomínios eficientes, zelo pela natureza e pela qualidade de vida.
Ponderação relativa à saúde financeira das empresas, face à alta nos juros e provável agravamento de risco, prejudicando o mercado como um todo.