Nem sempre os rótulos traduzem a arte dentro das garrafas de vinhos produzidos na Serra. No caso do projeto experimental Crudo, do artista plástico e sommelier Pablo Onzi Perini (que assina p o p), com o enólogo Leandro Santini, eles de fato representam.
Nesta semana, Pablo produziu as telas que vão ilustrar um novo lote de garrafas da safra 2019 que vai para o mercado nos próximos meses. Nenhum rótulo é igual ao outro. E a estampa que está na garrafa não é a reprodução das pinturas, ela é de fato “um pedaço” da tela original feita à mão, e colada também manualmente.
É possível inclusive sentir as texturas das tintas e percorrer os traços abstratos de Perini, cujas referências de artes visuais vão de artistas clássicos a elementos do cartoon underground, cinema e música.
O ateliê para a sessão de pintura foram os próprios vinhedos do Vale Trentino, em Farroupilha, onde os vinhos são elaborados. A linha Crudo, assim como a arte de Perini, são autorais, experimentais e com intervenção mínima ao longo dos processos. É o que permite transformar um Trebbiano, que é um vinho branco, em um vinho de notas mais expressivas e complexas pela fermentação em contato com as cascas e agitação junto as leveduras por 30 dias.
A tradução do Nero di Bianca já revela a inovação do outro rótulo que faz com que uma das castas mais características da região, a Moscato, que é branca, seja fermentada juntamente com a uva tinta que é destaque no terroir brasileiro, a Merlot. O resultado é um tinto elegante, com nuances florais e o frescor provenientes da Moscato.
Por ter produção limitada a quatro mil garrafas com rótulos enumerados, a linha Crudo é tão artesanal que seus vinhos só são encontrados no empório da vinícola em Farroupilha e em poucos restaurantes e bares especializados, principalmente na região.