Os números falam por si. Foram 60 mil visitantes nos três dias do Festival do Grostoli, realizado neste fim de semana em Garibaldi. O prato principal teve 680 mil unidades vendidas, um crescimento de 36% na comparação com o ano passado. Tudo isso redundou em um faturamento de mais de R$ 1 milhão.
São números excepcionais, ainda mais levando-se em conta que é um evento que chegou apenas à terceira edição. No entanto, a importância do Festival do Grostoli vai além da estatística. Não tenho dúvida de que já é um belo exemplo para a renovação do turismo da Serra, com uma união entre tradição e criatividade.
Trata-se de uma promoção que conta com forte fator comunitário. Quem faz os grostolis deliciosos lá vendidos são as comunidades do interior, entidades e comerciantes garibaldenses, valorizando o que há de mais genuíno na cidade. E tudo isso proporciona ocupação e geração de renda. Fora isso, a movimentação dos turistas faz com que outros setores, como hotelaria, enogastronomia e comércio em geral também faturem.
E tudo isso é feito sem coisas mirabolantes. O belo cenário da área urbana de Garibaldi é usado para sediar uma estrutura compacta, mas suficiente para atender a demanda dos visitantes. Ah, e com preços justos para os produtos, condizentes com a realidade do mercado e do dia a dia das pessoas.
A fórmula até pode parecer simples, mas há uma lógica muito bem construída neste evento. E ela passa por uma boa ideia, que valoriza a tradição e une as pessoas. Tudo isso, porém, precisa de organização e investimento. O festival não nasceu grande, e houve obstinação e muito trabalho para que chegasse, mesmo que rapidamente, ao atual patamar.
E como ele pode servir de exemplo? Em vários aspectos. Mesmo para cidades com maior reconhecimento e tradição na área de turismo, ele mostra que uma grande promoção pode ser feita partindo de algo simples, sem um investimento gigantesco, desde que faça a lição básica de unir uma comunidade e oferecer algo interessante e acessível ao público.
Penso também no quanto cidades com mais dificuldade em encontrar um rumo no setor turístico poderiam se espelhar no Festival do Grostoli. Para ficar no exemplo de Caxias do Sul, vale lembrar que temos alguns produtos típicos que cairiam como uma luva para fazer algo semelhante, a começar por galeto (já patrimônio imaterial do município) ou o bauru (em vias de ganhar esse status). Ou que tal o xis, tão típico e tão diferente do que se vê em outros pontos do estado?
Some-se a isso o fato de que Caxias tem um centro de eventos pronto, uma rede hoteleira considerável e amplas ligações de transporte. Além disso, tem uma população grande, que por si só já traz um potencial enorme de visitação, desde que haja boa divulgação e preços convidativos. É muito potencial desperdiçado, e se o poder público e entidades não investirem e colocarem a mão na massa, como literalmente aconteceu em Garibaldi, nos restará ficar eternamente lamentando. O bom exemplo está aqui ao lado.