Um espaço lúdico e de grande importância ambiental para a Serra Gaúcha está com os dias contados. Por uma questão de corte de despesas, o Conselho Diretor da Fundação Universidade de Caxias do Sul (FUCS) definiu que o Jardim Zoológico da UCS vai ser fechado a partir do dia 1º de março de 2024, e a última esperança para reverter a situação é uma campanha idealizada pelo reitor da UCS, Gelson Leonardo Rech.
O zoo está fechado para visitação pública desde o início da pandemia, mas são mantidos no local cerca de 90 animais, de 40 espécies diferentes. O custo mensal do espaço, bancado totalmente pela universidade, é de R$ 60 mil, e inclui a alimentação, tratamento veterinário, manutenção da estrutura e trabalho de profissionais. Além da dificuldade em continuar bancando os gastos fixos, Rech informa que, para reabrir o espaço ao público, há ainda a necessidade de uma reforma geral estimada em cerca de R$ 2,5 milhões.
— Os recintos estão bem degenerados, e nós precisamos colocar novos ambientes adaptados à contemporaneidade, onde há muito mais vidro do que telas, com mais conforto aos animais e facilidade aos visitantes — informa o reitor.
A situação do zoo está em discussão interna na UCS há bastante tempo, e segundo Rech, agora se chegou a uma situação limite. Apesar do cenário de escassez de recursos e da decisão pelo fechamento definitivo, ele ainda acredita em uma última cartada para reverter o quadro:
— Não vamos nos entregar a essa situação de fechamento. Seria muito frustrante para mim, como reitor, no segundo ano de gestão, ser um dos responsáveis por encerrar uma história bonita e proibir futuras histórias belas no zoológico. Por isso, nos próximos dias, vou organizar com nosso time de marketing a criação de uma campanha, que se tiver êxito, vai manter esse equipamento.
Embora não haja ainda uma campanha formatada, as alternativas pensadas pelo reitor para buscar dinheiro são a criação de um projeto que permita a empresas repassar valores de impostos, e a arrecadação de verbas diretamente com a comunidade. Também está sendo pleiteada junto ao Ministério Público a transferência de recursos arrecadados a partir de multas ambientais. No entender de Rech, isso se justificaria pelo papel educacional e ambiental que o espaço cumpre para a Serra.
— Praticamente todos os animais recolhidos na região são conduzidos para o nosso hospital veterinário, são tratados e colocados nos recintos do jardim zoológico. Na prática somos um Cetas (Centro de Triagem de Animais Silvestres) da região, não de direito, mas de fato. Então, cumprimos essa função social, além da aprendizagem para os nossos estudantes do curso de veterinária, cumprindo também esse papel de ensino — defende o professor.
Se a campanha funcionar e permitir que o zoológico permaneça aberto, a ideia de Gelson Leonardo Rech é que o espaço seja mantido no formato atual, sem cobrança de ingresso, cumprindo um papel recreativo para a população. Antes do fechamento à visitação em 2019, o local recebia cerca de 85 mil pessoas por ano, especialmente nos finais de semana. Além disso, havia a movimentação de estudantes, que iam ao local de segunda a sexta.
Inaugurado em 1997, o Jardim Zoológico da UCS tem 28 recintos, e todos os animais que estão no local têm algum histórico de resgate ou problema de saúde, fatores que extinguiram a chance de vida deles em ambiente natural. Muitos também fazem parte de um trabalho de conservação de espécies ameaçadas, como papagaio charão, gato do mato, jaguatirica e veado, entre outros. Ainda não há definição sobre o local para onde eles seriam encaminhados caso o fechamento se confirme.