O recente episódio onde o estande do Samae foi arrombado durante a madrugada, em plena Praça Dante Alighieri, é mais um capítulo da crônica falta de cuidado com um dos principais símbolos de Caxias do Sul. Nos últimos anos, a praça central da cidade convive com insegurança, vandalismo, furtos, ratos e excesso de pombos, entre outros problemas.
O histórico negativo vem de muitos anos, mas este último caso teve contornos bizarros. Tudo ocorreu durante a Feira do Livro, onde se imaginaria a existência de uma segurança maior no local. Além disso, o estande do Samae estava ao lado do ônibus da Guarda Municipal, o que não impediu o crime. O resultado foi o prejuízo de R$ 15 mil para o contribuinte. A ocorrência, no entanto, vai muito além do dano financeiro, que acaba sendo o menos importante, já que a segurança (ou a falta de) em um ponto central como a praça acaba sendo o foco.
Por mais que o potencial ofensivo de um crime como este não seja grande, o simbolismo que ele mostra é de inação e insegurança. O fato de criminosos se sentirem à vontade para agir tranquilamente e de forma repetida no coração da cidade passa a imagem de que a praça é terra de ninguém, ainda mais que não foi a primeira vez que algo semelhante aconteceu. E se é assim em um ponto central, imagine então nos bairros ou distritos?
O papel da Guarda Municipal no episódio também precisa ser analisado. Depois do ocorrido, descobriu-se que as câmeras do ônibus da corporação estão inoperantes. Que auxílio efetivo, então, ele pode dar à segurança da praça? E o servidor que estava dentro do ônibus, por que não detectou nada? Aliás, não há dúvida que a GM pode dar uma contribuição grande à segurança da cidade, mas como consolidar isto se a missão básica, que é o cuidado com áreas e patrimônios públicos, como a Praça Dante, falha de forma tão clara em um episódio assim?
Nesta segunda-feira (9) vai ser inaugurado em Caxias do Sul o prédio do CIOp (Centro Integrado de Operações), que vai gerenciar o monitoramento eletrônico da cidade. Serão 275 câmeras à disposição dos órgãos de segurança, e que serão muito importantes para aumentar a vigilância. Certamente vão ajudar a evitar e investigar casos como este da semana passada, mas a questão do cuidado com a praça e as áreas centrais vai muito além.
É preciso que Caxias dê uma demonstração mais ampla de atenção com este ponto central, e isso tem que ir além do monitoramento, passando por presença física da segurança. Os cuidados com a limpeza e a reorganização mais ampla daquele espaço também são necessários. Uma praça Dante melhor cuidada pode ser a largada para uma recuperação de toda a área central da cidade.