Tramita na Câmara de Vereadores de Passo Fundo o projeto de lei nº 130/2023, que busca destinar recursos para o Hospital de Clínicas (HCPF) e Hospital São Vicente de Paulo (HSVP). Se aprovada, a iniciativa da prefeitura encaminhará mensalmente R$ 150 mil para cada instituição durante um ano. O dinheiro será usado para custear atendimentos de urgência e emergência do SUS.
Na segunda-feira (28), representantes dos dois hospitais se reuniram com a Comissão de Cidadania, Cultura e Direitos Humanos (CCCDH) da Câmara de Vereadores para pedir a aprovação do PL.
Falando em nome da prefeitura de Passo Fundo, o diretor-geral do Hospital Beneficente César Santos, Roger Teixeira, afirmou que o projeto recebeu propostas de emenda e, por isso, voltou para avaliação do setor jurídico.
— Esperamos que a Câmara aprove o projeto rapidamente para que os hospitais possam começar a receber esses valores o quanto antes — afirmou.
Recurso importante
O presidente da CCCDH, vereador Michel Oliveira, considera que o recurso da proposta é importante para os hospitais, apesar do valor, segundo ele, ainda ser baixo. Mas, na visão das instituições, os R$ 150 mil são bem-vindos para auxiliar nos custos de atendimentos de urgência e emergência do SUS.
Atualmente, a tabela de repasse de verba do SUS para os atendimentos cobre, em média, 60% do que é gasto. Luciney Bohrer, administrador do Hospital de Clínicas, aponta que para cada R$ 100 gastos, o hospital recebe R$ 58.
— Com a emendas e participações dos municípios, podemos chegar a R$ 74 de custeio a cada R$ 100. Esses recursos vêm em boa hora e são muito necessários para dar continuidade aos atendimentos — pontuou.
O HSVP expõe um dado semelhante em relação aos custos. De acordo com a diretora de governança clínica do HSVP, Cristine Pilati, no último ano a inflação acumulada na saúde foi de 22%. Por isso, o recurso é celebrado.
— No HSVP, cerca de 60% [dos custos dos atendimentos] são cobertos pelo SUS. Os outros 40% são uma contrapartida da própria instituição, com recursos próprios. Assim, é um recurso que estamos esperando ansiosamente — disse Cristine.
Conforme Luciney, o serviço de saúde em um geral tem custo alto por diversos fatores.
— Atendimento em saúde é extremamente caro. As novas tecnologias que vêm sendo empregadas, os medicamentos que são colocados à disposição, as estruturas de recursos humanos, tudo tem um valor extremamente importante — explicou.
Hospitais são referência
O HSVP e o HCPF são referência para diversas cidades do norte do RS. Pacientes com quadros clínicos complexos são transferidos para estas instituições para receber atendimento médico. Os hospitais estimam que, cada um, realiza 2 mil a 3 mil atendimentos por mês, só na urgência e emergência do SUS.
É o caso do pai do Vagner de Farias. Ele é de Soledade, mas precisou ser internado e operado no HC. Um problema no coração resultou em cirurgia de peito aberto e semanas dentro do hospital.
— Ele foi operado agora, mas fazia 16 dias que estava no hospital. Botaram válvula e marcapasso, e ele sofreu uma parada cardíaca. Veio pra cá com 1% [de vida] e hoje não corre risco de morrer — disse Vagner.
Diante da necessidade de pacientes de outras cidades serem encaminhados para Passo Fundo e também a demanda da própria população local, as emergências dos hospitais permanecem com alta taxa de ocupação.
Em maio, o Hospital São Vicente de Paulo chegou a registrar uma taxa de ocupação de 170% na ala de emergência. Apesar da situação ter melhorado, até o final de agosto ainda havia superlotação.