No imaginário de qualquer criança, super-herói é coisa de quadrinhos ou de filmes. Mas essa percepção não parece fazer sentido para a população de Nonoai, município de 13,7 mil habitantes no norte do RS.
Todos os pacientes atendidos na Unidade Básica de Saúde Central têm a oportunidade de conhecer o Homem-Aranha — ou melhor, Beto Aranha, como o médico Alberto Furini Vaz gosta de ser chamado. Ele começou a atender as crianças vestido como o super-herói da Marvel depois da pandemia de covid-19, mas o sucesso foi tanto que logo passou a fazer o mesmo com adultos e idosos.
— Viemos de um processo onde a gente tinha que afastar os pacientes das unidades de saúde. Agora, precisamos atrair as pessoas de volta, não somente na saúde pediátrica, mas também a saúde do idoso, da mulher, do homem e do adolescente — disse.
As consultas com a roupa do super-herói acontecem nas terças-feiras à tarde. Além dos diagnósticos, o médico também procura repassar informações importantes, como o consumo consciente de alimentos e a importância de lavar as mãos corretamente.
Segundo Beto Aranha, a metodologia se encaixa na Política Nacional de Humanização (PNH), padrão no Ministério da Saúde desde 2003.
— Essa política prevê um atendimento diferenciado, de qualidade, não só nas consultas médicas como também em todos os serviços oferecidos pelo SUS. Dessa forma, os atendimentos divertidos, o que facilita a prestação de informações em saúde — explicou o médico.
Atendimento lúdico faz sucesso com crianças e idosos
A conversa com o "Homem-Aranha" de jaleco tornou a consulta mais emocionante para o estudante Guilherme, de 11 anos. Fã do Thor, ele ouviu a todas as orientações, concentrado no personagem conhecido por se pendurar em teias e escalar arranha-céus.
— Para a criança é importante porque, cada vez que a gente fala de ir no médico elas sempre ficam com receio, medo. Assim é melhor. Isso ajuda muito eles a se desenvolverem melhor — disse Marisa da Silva, avó de Guilherme, que o acompanhou na consulta.
No dia em que a equipe de GZH Passo Fundo esteve em Nonoai, um terceiro paciente na fila chamou a atenção: Nicacio Portella, de 99 anos. Apesar da idade, o agricultor tem a saúde de um Super-Homem, como mostraram os exames apresentados durante o atendimento.
— É nítida a melhora dele (com as consultas). Ele praticamente volta a ser crianças. Sempre está feliz, conversando bastante e a gente também se sente feliz vendo ele feliz assim —afirma a filha, Leci Portella.
O médico "Beto Aranha" deve seguir com os atendimentos enquanto existirem retornos positivos. E, pelo visto, Nonoai poderá contar por um longo tempo com o seu super-herói de jaleco.