Desde fevereiro de 2022, Nicoly Aparecida Vedana, de 10 anos, possui tratamento de saúde na modalidade home care, com equipe disciplinar que atende em domicílio, no Loteamento Morada do Sol, em Passo Fundo. A menina possui paralisia cerebral após ter sofrido um acidente vascular cerebral (AVC) aos dois meses de idade, além de sequelas de covid-19 e complicações pulmonares por pneumonia.
A cada trimestre, a menina recebe um valor de R$ 89 mil do Estado para custear o tratamento e os profissionais que a atendem, como fisioterapeuta e fonoaudióloga, e segundo a mãe da menina, Lucimar Nicolai, o repasse não é realizado há 45 dias, o que estaria implicando diretamente na saúde da filha.
O possível atraso no pagamento do valor para a empresa terceirizada, que venceu a licitação, preocupa a mãe da menina, que cuida diariamente da filha e arca com quase R$ 3 mil por mês com medicamentos para Nicoly. Segundo Lucimar, isso pode resultar em um retorno para o hospital, que não é o desejo da família, por questões de contaminação.
Além disso, após ter casos repetitivos de pneumonia, no início do ano, Nicoly teve complicações e agravou o estado de saúde. Ela chegou a ficar 15 dias internada em um Centro de Terapia Intensivo (CTI) de um hospital de Passo Fundo até retornar para o home care.
— A Nicoly é uma paciente complexa. Se ela ficar sem esse tratamento, ela volta para o hospital, e o risco de morte é grande, sem falar da possibilidade de contaminação. A empresa tenta de tudo para manter o atendimento, mas está difícil, é um valor alto. Com esse agravo que ela teve, mudou tudo: a rotina, os valores, a medicação que entra. Não recebemos nada há 45 dias — conta a mãe.
A partir da pneumonia, foi diagnosticado um novo laudo médico, que indicava um acréscimo no valor repassado pelo Estado para o tratamento, em razão do agravamento do caso e da necessidade da inclusão de medicamentos e atendimentos específicos, aponta a mãe.
Novo laudo está com o Judiciário
Segundo a advogada Maira Daniela de Mattos, o processo está no poder Judiciário desde abril. De acordo com ela, ainda não houve manifestação da atualização dos valores, mesmo que a família tenha prestado contas recentemente das medicações necessárias para o tratamento da menina.
— Faz 60 dias que o juizado sabe do novo laudo. Já foram comunicados e tivemos que informar alguns vícios que havia na licitação do laudo antigo. Fizemos todas as prestações de contas solicitadas, mas até o momento não teve decisão. Ela recebe pelo laudo antigo. Só que essa morosidade do Judiciário está prejudicando a saúde da Nicoly. O que é mais importante: a prestação de contas, feita corretamente, com notas fiscais e documentação, ou a saúde da Nicoly? — questiona.
Cuidado e amor diário
Atualmente, Nicoly é tratada diariamente por uma equipe de quatro técnicas de enfermagem, que faz o revezamento e garante o tratamento 24h por dia. A técnica de enfermagem, Fabíola de Souza Rodrigues, trabalha há um ano nos cuidados constantes com a paciente. Além de profissional da área da saúde, ela é mãe e já criou um vínculo de amor com Nicoly.
— A Nicoly é uma paciente bem grave, que sem medicação, pode ter um agravamento muito sério. O olhar para ela tem de ser de amor e cuidado. A gente que é mãe se apega muito a paciente. Estou aqui como profissional, mas também me eleva o coração. Quem tem filhos, sabe como é passar por isso, a comoção que gera — enfatiza.
O histórico de Nicoly
Nicoly sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) aos dois meses de idade. A menina foi diagnosticada com paralisia cerebral e teve diversos ataques epilépticos. Ela vive em uma cama hospitalar, com toda a estrutura do home care no seu quarto e aos cuidados de profissionais por 24 horas.
Em 2021, Nicoly testou positivo para covid-19 e teve complicações e sequelas, que prejudicaram a função pulmonar. No início deste ano, Nicoly teve quadros repetitivos de pneumonia, que agravaram a sua saúde. Agora, ela aguarda as atualizações necessárias para o novo tratamento.
O que dizem o Estado e o Judiciário
GZH Passo Fundo fez contato com a Secretaria de Saúde do Estado e com o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul para saber a situação do caso.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado, a paciente possui um contrato formalizado com o Estado e com uma empresa de home care, no valor de quase R$ 23 mil por mês, que está apta a prestar o atendimento.
O Tribunal de Justiça, por sua vez, informou que as partes envolvidas, ou seja, Estado e Ministério Público, estão sendo ouvidas para análise do novo pedido, que teria um acréscimo de R$ 60 mil no tratamento por trimestre.
GZH Passo Fundo
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