Grávida de gêmeas, Márcia Andreia de Almeida descobriu que se tratava de uma gravidez de risco. Percorreu inúmeras vezes mais de 170 km de Seberi até Passo Fundo para tratamento. Na sexta-feira (10), com 32 semanas e dois dias de gestação, uma das bolsas se rompeu e ela procurou a Fundação Hospitalar Pio XII, em Seberi. Era por volta das 16h. Lá foi informada de que precisaria de um leito de UTI Neonatal, que a casa de saúde não possui.
— Começamos a ligar para todos os hospitais do Estado para ver se encontrava um leito disponível, mas sem sucesso — lamenta o marido de Márcia e pai das gêmeas, Rafael Mazzonetto.
A família buscou na Justiça o direito a um leito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A decisão foi favorável. Mas o prazo dado pelo juiz ao Estado terminou às 6h30min deste sábado (11) e, até a publicação desta reportagem, a família aguardava por um leito.
— São vidas que estão em jogo! Isso não pode ficar assim — implora o pai.
A obstetra que atende a paciente, Dra. Joddy Luvia de Aspiazu, disse que o risco é principalmente de infecção:
—O risco da ruptura da bolsa é porque as crianças são prematuras, isso cria um contato do meio interno, que é na barriga, com o meio externo e por isso as crianças têm que ser retiradas o quanto antes. Elas estão com 32 semanas, elas são prematuras e o pulmão ainda não está teoricamente amadurecido, por isso elas estão correndo risco de ir a óbito —alerta a obstera.
A Associação UTI Neonatal e Pediátrica do Rio Grande do Sul (AUNP-RS), que fica em Frederico Westphalen, acompanha o caso. O presidente, Clayton Braga Corrêa, diz que situações como esta são cada vez mais comuns.
— A saúde infantil está em colapso no Rio Grande do Sul e a gente vem chamando a atenção não é de agora, está se agravando cada vez mais. Falta de investimento, falta de um plano do governo do Estado sobre a saúde infantil e isso nos deixa muito preocupados — pontua Clayton.
Nesta sexta-feira, GZH noticiou que os hospitais de Passo Fundo, referência para a região Norte, estavam com leitos de UTI Neonatal superlotados. Na ocasião, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) divulgou nota informando que os leitos são priorizados conforme proximidade do paciente a hospitais que tenham capacidade técnica para atendimento. Quanto à superlotação, a nota diz que os hospitais podem “acionar a regulação estadual se precisar remanejar para outra instituição próxima”.
Nesta manhã, a secretaria estadual de Saúde enviou o posicionamento sobre o caso por meio de nota. Disse que acompanha o caso e "avalia alternativas de transferência para a paciente". Confira a nota na íntegra:
"A Secretaria da Saúde, por meio do Departamento de Regulação, informa que a paciente está sendo reavaliada. Ela não está em trabalho de parto. Está sendo feita uma ecografia e, após o resultado, as informações serão encaminhadas à SES. Estão sendo avaliadas alternativas para onde transferir a paciente."
GZH Passo Fundo
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