Aos 73 anos, Airton Dipp (PDT) disputa pela quinta vez o cargo de prefeito de Passo Fundo, no norte gaúcho. Em entrevista, o pré-candidato falou sobre o possível retorno, as prioridades do governo e a escolha de Júlio Stobbe (PT) como vice.
Essa é a primeira de três entrevistas com os pré-candidatos escolhidos nas convenções partidárias à prefeitura de Passo Fundo. Os encontros aconteceram de 7 a 9 de agosto e a ordem de publicação obedece a ordem alfabética: primeiro Airton Dipp, depois Márcio Patussi (PL) e, por fim, Pedro Almeida (PSD).
No caso de Dipp, a chapa tem apoio de seis partidos: PT, PCdoB e PV (da Federação Brasil da Esperança), coligados com o PDT e a Federação PSOL-Rede.
Na bagagem política, Dipp foi prefeito de Passo Fundo três vezes, sendo eleito nos pleitos de 1988, 2004 e 2008. Entre os mandatos, foi deputado federal em 1994 e 1998. Confira a seguir o que planeja o político passo-fundense e, se eleito, como espera que seja a sua quarta gestão em Passo Fundo.
GZH: qual tema deve nortear a campanha eleitoral e o que deve ser discutido com prioridade?
Airton Dipp: nossa campanha trabalhará com quatro eixos principais. Primeiro, o desenvolvimento econômico sustentável, com geração de emprego, renda e investimentos, que compreendemos como extremamente necessário para a nossa cidade. Também temos o setor da educação pública municipal, especialmente a infantil, que precisamos avançar muito em estruturas físicas e também no tempo integral. Os outros eixos seriam a saúde e as obras estruturantes, que devo tratar da duplicação das perimetrais, criando intervenções com obras e rotatórias mais compatíveis.
GZH: como a gestão deve olhar para a questão da crise climática no Estado? Como Passo Fundo pode avançar?
AD: Passo Fundo, pela sua topografia, não tem tantas dificuldades como passaram outros municípios, mas temos dois segmentos bastante claros para olhar. O primeiro é a preservação das nossas nascentes dos rios Jacuí e Uruguai. Vamos trabalhar para intensificar e atuar decisivamente na preservação delas. Outro setor são os resíduos sólidos, que são fundamentais inclusive para a renda de quem trabalha nessa área. Criando a compostagem, por exemplo, podemos diminuir custos da prefeitura municipal com destinação. E acredito que Passo Fundo precisa muito de uma reorganização nesta área.
GZH: como Passo Fundo pode se desenvolver econômica e socialmente?
AD: em primeiro lugar precisa haver uma reorganização da saúde do município, para que a gestão municipal possa dar o atendimento primário para a população, desafogando os nossos hospitais. Nesse ponto, precisamos de agentes de saúde nas UBSs e a criação pelo menos de uma UPA 24h.
Hoje nosso Hospital Municipal não é um hospital, porque não tem leito para crianças ou adultos. Isso precisa ser resolvido e lutaremos para que a gestão possa ser feita pela prefeitura, para que se possa atender às demandas dos passo-fundenses, sem fechar as portas para a comunidade regional.
Também queremos atrair novos investimentos de fora, especialmente na área industrial, centro de distribuição e na área tecnológica. Queremos fazer isso com novos distritos industriais e também com parceria ativa do setor empresarial de Passo Fundo, que se reorganizou nos últimos anos.
Houve uma dificuldade, por parte da gestão pública municipal, na atração desses investimentos. E nós temos capacidade, conhecimento e histórico realizando parcerias. Faremos isso não só com os empreendedores, mas também com os governos estadual e federal, que é onde estão os programas. Não podemos perder a oportunidade da parceria com o governo federal.
GZH: o senhor foi prefeito em duas décadas diferentes, em 1988, 2004 e 2008. Que diferença vê no perfil da cidade neste novo ano? O que leva a querer voltar à prefeitura depois de 12 anos?
AD: eu volto porque houve um chamamento. Não só dos partidos políticos, mas de setores empresariais que nos pressionaram para esse retorno. Mas, independente de estar afastado, o que vale é a experiência acumulada, a visão que nós temos de desenvolvimento econômico sustentável e de melhoria na área social.
A nossa coligação é de partidos que tem essa visão social, compartilhamos o convencimento ideológico daquilo que queremos para Passo Fundo, o que outras candidaturas não possuem. São grupos que estão no poder mas sem nenhuma visão sobre aquilo que a cidade precisa ter.
Eu elogio tudo que foi feito no embelezamento da cidade, é positivo! Mas Passo Fundo não teve obras estruturantes últimos 12 anos, ou algo que pudesse melhorar a mobilidade, como a duplicação das rodovias. Também precisamos avançar com transporte público de qualidade para melhorar a mobilidade urbana. Nós estamos preparados! A idade não demonstra que não posso ser prefeito, e sim o chamamento pela capacidade e otimismo da contribuição que poderemos dar a Passo Fundo.
GZH: qual deve ser o perfil da sua gestão? Já houve negociação sobre a distribuição de cargos e secretariados entre os partidos?
AD: o nosso perfil é de que temos convicções daquilo que tem que ser feito e faremos de forma democrática. Estamos conscientes de questões sociais, como assistência de saúde e educação.
Uma característica que será muito forte é o diálogo, algo que temos entre os partidos e, modéstia à parte, é uma característica minha e do doutor Júlio Stobbe também. Estaremos em contato permanente com a comunidade e setores empresariais e de trabalhadores. Ouviremos todos os segmentos envolvidos antes de tomarmos decisões.
E, como engenheiro, pensarei em obras estruturantes. Do lado médico do Júlio, teremos a compreensão da saúde, além da educação pública municipal. E juntos pensaremos o desenvolvimento, com o atestado daquilo que já foi feito, e que mudou o Passo Fundo. Se hoje temos um orçamento compatível foi porque, no nosso último mandato, foi feita essa retomada muito grande do desenvolvimento.
GZH: e qual é a importância do vice, Júlio Stobbe, em sua chapa? Como se deu a escolha deste nome?
AD: o doutor Julio Stobbe é uma importante contribuição na nossa coligação. Ele representa muito bem o Partido dos Trabalhadores na coligação, além de ter uma característica que eu gosto muito, que é o diálogo e a capacidade intelectual. São características do gestor democrático que ele será na prefeitura.
Passo Fundo hoje tem uma necessidade muito grande de destravar a saúde e nada melhor que o doutor Julio, como médico humanitário e clínico geral. Ele tem a visão do atendimento primário, da necessidade de criações, como a UPA e retomada do Hospital Municipal. E, claro, fazer a integração da saúde, desde o início até a utilização dos nossos importantes hospitais aqui em Passo Fundo. Então ele dará uma importante contribuição com sua sensibilidade e capacidade que possui.
Próximas entrevistas
As entrevistas com Márcio Patussi (PL) e Pedro Almeida (PSD) serão publicadas na terça (13) e quarta-feira (14), respectivamente. Confira a cobertura completa das eleições municipais em GZH Passo Fundo.