Polêmico, de personalidade forte e bom coração. É assim que a família de Fernando Zancanella, que morreu aos 62 anos na quarta-feira (5), irá se lembrar do artista plástico e músico sarandiense. Além de seis irmãos e da namorada, ele deixa a mãe, de 96 anos.
Artista plástico industrial autodidata, Zancanella atuava em uma marcenaria junto ao irmão Fausto, na cidade de Sarandi. Suas peças eram feitas em MDF com recorte em laser. Tinha reconhecimento nacional e chegou a produzir um prêmio de apoio aos artistas plásticos brasileiros para a Câmara dos Deputados.
— Ele era de fato um artista completo. Seu primeiro trabalho foi desenvolvido em uma máquina que ele mesmo criou, com uma furadeira. Pouco tempo antes de morrer, ele tinha feito outra máquina dessas, ele era inquieto — lembra a sobrinha Vanessa Zancanella.
Além da arte plástica, Fernando também se arriscou na carreira musical. O conhecimento na área rendeu um programa em uma rádio local, cuja apresentação ele dividiu com o comunicador Adriano Oliveira por dois anos.
— A gente conversava sobre música, ele tinha muito conhecimento. Um dos momentos que vou me recordar é quando participei de uma live dele, e contei a minha história no rádio para ele. Sempre me incentivou, me dizia que sabia de onde vim e onde ia chegar. É uma coisa que me marcou — afirma Adriano.
A personalidade forte, como detalha a sobrinha, também era uma marca de Zancanella. Nas redes sociais, era formador de opinião e produzia transmissões ao vivo sem “papas na língua” falando sobre temas diversos. Na vida pessoal, por outro lado, era reservado:
— Ele era alegre, mas muito reservado, não gostava de receber visita. Era meio louco, como todo artista. A gente chamava ele de “brigão”, pois ele se dava bem com todo o mundo, mas tinha suas divergências, sempre dava sua opinião mesmo que soasse como cabeça dura.
Problemas de saúde
Essa teimosia também se refletia nos cuidados saúde, segundo familiares. Recentemente, Zancanella teve paralisia nos rins, em decorrência de uma meningite, e precisou fazer hemodiálise. Nos últimos 24 dias de vida, esteve internado nos hospitais de Sarandi e Carazinho, tratando a doença. A morte foi causada por uma parada cardiorrespiratória.
— Para nós, foi uma coisa repentina. Agora vamos lembrar dele como um tio brincalhão e que brigava com todo mundo, mas era uma pessoa querida e de bom coração. Como artista, uma pessoa criativa e que pensava à frente. Para mim, especialmente, vou lembrar dele como uma referência, que me ensinou muita coisa, e que me apresentou o meu marido — encerra, emocionada, a sobrinha.