Fechado para visitação há três anos, o prédio que abriga o Museu de Artes Visuais Ruth Schneider (MAVRS) e o Museu Histórico Regional, no Centro de Passo Fundo, teve a autorização para licitação assinada nessa quinta-feira (23) pela prefeitura. A reforma é uma demanda antiga da cidade, com ação pública protocolada desde o ano de 2013, buscando a restauração. A obra está orçada em R$ 757 mil e deve ter duração de sete meses, porém, sem previsões de início, tampouco de reabertura para o público.
No último dia 10, a prefeitura foi intimada a apresentar informações sobre a regularização do imóvel, licitação para a obra e plano de prevenção contra incêndio. Segundo o promotor de Justiça, responsável 1ª Promotoria de Justiça Especializada, Paulo Cirne, o encerramento do processo só ocorrerá com a conclusão das obras de restauração e entrega do documento de regularização do prédio.
— Foram concedidos inúmeros prazos para o município concluir as obras, fornecendo cronogramas. Até o momento, foram feitas ações segmentadas, de reparo elétrico e pintura, mas ainda existem pendências — afirma o promotor.
Com o término do convênio de 22 anos entre a Universidade de Passo Fundo (UPF) e o Executivo, que possibilitava o compartilhamento do espaço, as obras que pertencem ao acervo Ruth Schneider serão transportadas ao campus da instituição. A previsão é de que em maio a exposição seja aberta ao público, no prédio B3 do Instituto de Humanidade, Ciências, Educação e Criatividade.
A estrutura
O prédio dos museus foi inaugurado em 1912 e abrigou a primeira sede da Intendência Municipal, juntando-se a um conjunto histórico de Passo Fundo. O último reparo foi feito em 2019, na rede elétrica, quando precisou ficar fechado por uns meses, até ser reaberto em agosto do mesmo ano. Em março de 2020, por conta das medidas de distanciamento da Covid-19, o prédio foi fechado novamente, e permanece assim por conta de problemas na estrutura física, interna e externa, que comprometem a reabertura do local.
O piso de madeira tem áreas de deterioração por cupins, o teto tem frestas que provocam goteiras, e as aberturas, como portas e janelas, também precisam ser reparadas.
— O acervo é o que nos preocupa mais, em virtude do espaço não ser adequado para resguardá-lo. Nós não temos conhecimento do que a prefeitura pretende fazer com ele, o município não possui no seu quadro de profissionais historiadores e museólogos. Essa é a nossa grande preocupação — salienta Paulo Fernando Cornelio, vice-presidente do Grupo Ecológico Sentinela dos Pampas (GESP).
Em contato com a reportagem, a prefeitura não informou para onde as obras serão alocadas durante a obra e nem sobre os profissionais que farão a curadoria após término do convênio com a UPF.
O acervo
No acervo, estão expostas memórias da cidade, por meio de documentos e fotografias. O museu também servia como área pedagógica, de formação com acadêmicos de cursos da universidade, como história, sociologia e artes visuais. A museóloga que trabalhou no museu durante 26 anos, Tania Aimi, conta que o espaço foi fonte de pesquisa de qualificações acadêmicas e de escolas, importante para acesso direto com a arte.
— Em todo esse tempo a população perde o acesso a dois espaços relevantes e significativos. Eu me sinto completamente triste. As pessoas entram em museus e se conectam com outro mundo, traz sensações de pertencimento e cria um vínculo muito maior com a cidade. É um local extremamente importante, e que a cidade não tem um olhar sensível para resolver, as coisas não andam, e estamos nesse impasse.
A obra de reparo
De acordo com ofício assinado pelo prefeito Pedro Almeida em fevereiro deste ano, entregue à Câmara de Vereadores, a obra deverá contemplar a reforma do telhado, do piso do museu e das edificações anexas, pintura interna do prédio e externa do teatro Múcio de Castro e da Academia Passo Fundense de Letras, melhoria do acesso à secretaria de cultura, demolição do galpão localizado ao lado da biblioteca municipal e demais melhorias necessárias.
UPF garante reabertura de museu em maio
O MAVRS pertence à Fundação Universidade de Passo Fundo e estava alocado no prédio do Museu por conta de um convênio com a prefeitura, encerrado em 2018. Agora, a instituição trabalha com um cronograma para o traslado das obras e reabertura da exposição, que deve ocorrer no mês de maio.
A exposição funcionará no prédio da antiga faculdade de educação da UPF. De acordo com a diretora de extensão, cultura e assuntos comunitários da UPF, Adriana Bragagnolo, as obras serão colocadas em prédio que atenderá demanda para abrigar o acervo, assim como os equipamentos necessários e local para atender os expositores.
— Escolhemos um espaço potente para a pesquisa e também apoio pedagógico, pensando e desenvolvendo propostas juntos aos cursos e recebendo a comunidade e as escolas no nosso campus. Isso permite que nossos estudantes possam ter diferentes experiências, dialogando com os cursos e pautando a cultura em geral — planeja a professora.
GZH Passo Fundo
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