Por Nadja Hartmann, jornalista
Após nova reunião na manhã de quinta-feira (21), as negociações entre o Executivo e o Simpasso estão muito perto de se transformar em mais um impasse. Mesmo representando um pequeno avanço (1%) na proposta inicial, o índice de 5,5% de reposição salarial e 9% no ticket-alimentação foram rejeitados em assembleia realizada logo após a reunião entre dirigentes sindicais e representantes do Executivo.
Segundo o sindicato, o valor ainda está muito aquém do ganho real acima da inflação do período. A reivindicação é de 12,51% sem parcelamento e R$ 1,5 mil de ticket-alimentação. Durante a assembleia, os dirigentes do sindicato ainda chamaram a atenção para o risco de aumento no preço dos alimentos, devido ao decreto do governador Eduardo Leite, que entra em vigor em 1º de abril.
No ano passado, foram três rodadas de negociação até a categoria aceitar o índice proposto pelo Executivo de 7,1% de reajuste salarial e 12% no ticket-alimentação, mesmo que bem abaixo da reivindicação inicial, que era de 12,34%. Talvez o município esteja apostando neste retrospecto como estratégia nas negociações. A diferença é que 2023 não era um ano eleitoral...
Cobranças
É no mínimo lamentável que em uma cidade que orgulhosamente “enche o peito” quando se intitula “Cidade Educadora”, pais e mães tenham que deixar suas casas e afazeres para ir até o Legislativo protestar contra a falta de inclusão e segurança nas escolas.
A recente fuga de duas crianças autistas de escolas municipais escancarou o problema da falta de monitores na rede municipal de ensino de Passo Fundo, comprovada por números. São mais de 1,1 mil crianças com necessidades especiais e apenas 213 monitores. A presença dos pais na sessão fez os vereadores, em especial da oposição, aumentarem o tom das cobranças ao Executivo.
Segundo a vereadora Eva Lorenzato (PT), algumas escolas não têm nem mesmo cadeado no portão. Já a vereadora Ada Munaretto (PL) lembrou que Passo Fundo possui uma Lei de Segurança nas Escolas, aprovada em outubro do ano passado, mas que, porém, não é cumprida. O vice-líder do governo, vereador Luizinho Vallendorf (PSDB), se esforçou na defesa da administração, argumentando que não há profissionais que queiram trabalhar como monitores.
— Não podemos apenas apontar culpados, mas encontrar soluções — disse.
Talvez a solução passe por valorizar mais os professores e monitores, como vem sendo reivindicado pela categoria...
Desincompatibilização
Faltando 15 dias para vencer o prazo de desincompatibilização dos secretários que irão concorrer nas eleições deste ano, não se vê movimentação de dança de cadeiras na prefeitura de Passo Fundo, onde pelo menos quatro titulares devem deixar os cargos. São eles:
- Wilson Lill (Habitação)
- Rubens Astolfi (Obras)
- Gilberto Bellaver (Esportes)
- Rafael Colussi (Meio Ambiente)
Colussi já deve retornar à Câmara na próxima semana, no lugar do suplente Edson Nascimento, que aliás, trocou o União Brasil pelo PP. Com a saída dos atuais secretários, uma das opções do prefeito Pedro Almeida pode ser a de aproveitar a vacância dos cargos para fazer um afago nos partidos aliados, em especial aqueles mais descontentes, que vem sendo mais assediados pela oposição e podem estar com um pé fora da coligação.
Porém, a dificuldade deve ser grande para encontrar nomes para um mandato-tampão. Neste caso, uma das alternativas pode ser valorizar a “prata da casa”, substituindo os titulares por servidores das secretarias.
A propósito: o prazo de desincompatibilização também deve provocar uma baixa na secretaria de Assistência Social, com a saída da secretária-adjunta Elenir Chapuis, que irá concorrer à vereadora pelo PSD.
Partidos
Eles já agem de acordo com os seus novos partidos — alguns há bastante tempo —, se manifestam de acordo com os novos partidos e votam de acordo com os seus novos partidos. Porém, no site da Câmara, tudo está como era antes... Apesar de alguns vereadores já terem oficializado a troca de partido, os trâmites do Legislativo não conseguiram acompanhar a dinâmica da janela partidária que levou, até agora, cinco vereadores embarcarem em novas siglas.
Talvez por isso, os partidos não estão mais nem sendo citados pela Mesa Diretora antes de cada pronunciamento, o que era de praxe em todas as sessões. É como se os partidos não fizessem parte do DNA de cada vereador e fossem todos independentes...
Aliás, na Câmara de Passo Fundo, o extinto PTB — que desapareceu da cena política do país em novembro do ano passado, para se transformar em PRD —, continua firme e forte, já que o vereador Evandro Meirelles insiste em continuar usando a antiga sigla. Deve ser a única Câmara do país que tem um vereador filiado a um partido que não existe mais...
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