Por Nadja Hartmann, jornalista
Apesar da atenção dispensada pelo governador Eduardo Leite ao PSDB em Passo Fundo, com nomeações de tucanos no governo e apesar da proximidade com a principal liderança do partido no município, o ex-secretário e atual assessor direto, Mateus Wesp, o governo Leite vai muito mal quando se trata de sua defesa na Câmara.
A moção de repúdio de autoria do vereador Renato Tiecher (Podemos) contra o projeto de lei enviado à Assembleia que visa aumentar a alíquota do ICMS de 17% para 19,5% foi aprovada por unanimidade, com um placar de 20 a 0, e inclusive com o voto favorável de vereadores de partidos que fazem parte do governo, como o MDB, do vice-governador Gabriel Souza, do PDT, PP, PSD, PSB, PTB, Podemos, União Brasil e Republicanos, que recentemente ganhou uma secretaria.
Sem defesa
Chama atenção também que o único vereador do PSDB, Luizinho Vallendorf, não só votou a favor da proposição, como não falou uma palavra para defender o governador, que foi chamado de “mentiroso” na tribuna, pelo autor do texto, vereador Renato Tiecher, que, aliás, também faz parte da base de apoio de Eduardo Leite.
Vale dizer que todos esses partidos representados na Câmara contam com cargos no secretariado e segundo e terceiro escalões do Palácio Piratini... Contradição, demagogia ou apenas independência? E a executiva do PSDB de Passo Fundo não vai se pronunciar?
Desembarque adiantado
Falando em partidos, a formação das federações e fusão de alguns partidos abriram uma brecha para vereadores mais afoitos que não querem esperar a janela partidária para desembarcarem dos seus partidos. É que, nestes casos, a legislação permite a troca de partido sem o risco de perder o mandato.
Um exemplo é o vereador Evandro Meirelles, que deve sair do PTB e ingressar no União Brasil ainda este ano. Isso se confirmando, o PTB perde a sua única cadeira na Câmara de Passo Fundo e o União Brasil fica com três vereadores, passando a ser a segunda maior bancada do legislativo. A fusão entre o PTB e o Patriota foi aprovada no início de novembro pelo TSE. A nova sigla passa a se chamar PRD (Partido da Renovação Democrática), com o número 25 nas urnas.
O Retorno (parte II)
Após as últimas reformulações no governo anunciadas em outubro, o prefeito Pedro Almeida pode ter que fazer mais uma mudança no secretariado antes de encerrar o ano. Rafael Colussi, que ocupa a Secretaria do Meio Ambiente, estaria pensando em retornar à Câmara ainda este ano. Desde março, a cadeira dele na Câmara é ocupada pelo suplente Edson Nascimento (União Brasil).
Em 2022, o vereador já havia se afastado para assumir o cargo no Executivo interinamente e depois retornado para a Câmara, de onde se afastou em março, quando assumiu oficialmente a secretaria. O prazo para desincompatibilização dos secretários que irão concorrer é no mês de abril, quando a dança de cadeiras será intensa na Prefeitura, já que pelo menos cinco secretários devem se afastar para concorrer a uma vaga no legislativo. Isso que o secretariado possui perfil técnico. Imaginem se fosse político...
Composição
Caso a volta de Rafael Colussi para o legislativo este ano se confirme, ele já retorna fazendo parte da nova Mesa Diretora, que será empossada no dia 20 de dezembro. Na nominata, que terá o vereador Saul Spinelli como presidente, o vereador Edson Nascimento, do União Brasil ficou como 2º secretário, e salvo controvérsias que defendem a tese de uma nova eleição nestes casos, a substituição deve ser automática, com Colussi “herdando” o cargo.
A composição ainda conta com Luizinho Valendorf (PSDB) na vice-presidência, Leandro Rosso (Republicanos), 3º secretário e Indiomar dos Santos (Solidariedade), 4º secretário. Depois de um ano sem representação feminina, a Mesa volta a ter a presença de uma mulher, com a vereadora Janaína Portela (MDB), como 1ª secretária.
Mesma cara
...Na verdade, quanto a correlação de forças, a nova Mesa Diretora não traz grandes mudanças. Comparando com atual composição, o PSB, União Brasil, o MDB e o Republicanos continuam com um cargo, com o “upgrade” do PSB que passa a ocupar a presidência, pelo menos por enquanto, já que Saul está quase com um pé fora do partido...
Quem entra é o PSDB e o Solidariedade e quem sai é o PTB e o PSD. Porém, mesmo com novos nomes e partidos, a “cara” da Mesa continua sendo de situação, o que é determinante em um ano eleitoral, já que a Mesa possui grande autonomia para definir o andamento das pautas. Além disso, pode indicar três “gordos” cargos de confiança que podem ser loteados entre os integrantes: procurador, diretor-geral e assessor de imprensa.
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