Por Nadja Hartmann, jornalista
O mês de julho serve para balanços do primeiro semestre, até para possíveis mudanças de rotas até o final do ano. Portanto, vamos a alguns números. Dos 115 projetos de lei protocolados na Câmara de Vereadores de Passo Fundo neste primeiro semestre, 41 foram do Executivo, sendo 20 em Regime de Urgência, o que é motivo de crítica da oposição, já que o que devia ser exceção está virando regra. Destes 20, oito foram para contratação temporária de profissionais, grande parte para a área da Saúde. Por isso, a expectativa é que neste início de segundo semestre seja lançado o edital para o Concurso Público, o que já vem sendo prometido pelo Executivo há alguns meses. Depois do Executivo, quem mais protocolou projetos foi o vereador Evandro Meireles (PTB), com 14 proposições e a vereadora Janaína Portela (MDB), com sete, sendo a maioria, porém, de denominação de nomes de ruas. Em seguida, vem os vereadores Michel Oliveira (PSB) e Altamir dos Santos (Cidadania), cada um com cinco projetos. Cabe destacar que o desempenho de um vereador não pode ser medido apenas pelo número de projetos de lei apresentados. Por outro lado, chama a atenção que em seis meses, três vereadores não apresentaram nenhum projeto de lei...
Cenário nebuloso
Na política em Passo Fundo, os primeiros seis meses foram o que se espera de um ano pré-eleitoral, com muitas movimentações nos bastidores e com os políticos mantendo um olho em 2023 e outro em 2024. Sem definições, até porque pode não ser estratégico lançar qualquer candidatura antes da hora, o cenário eleitoral para a majoritária por enquanto se mostra nebuloso. O certo é que teremos o atual prefeito Pedro Almeida (PSD) concorrendo à reeleição, aliado na majoritária provavelmente a partidos de centro e de centro-direita e pelo menos uma candidatura de direita. Quanto aos partidos de esquerda e centro-esquerda, o cenário é ainda mais incerto, já que não há um nome potencial e nada que indique um consenso, o que pode provocar um repeteco de 2020, quando a esquerda se dividiu em três candidaturas, contabilizando menos de 8 mil votos.
Antes e depois
Na administração municipal, o primeiro semestre foi de mudanças. Tanto que há quem diga que se pode dividir a gestão de Pedro Almeida entre antes e depois de 2023, uma vez que os dois primeiros anos pareciam uma continuidade da gestão do ex-prefeito Luciano Azevedo. A partir da implementação efetiva do “estilo Pedro de governar”, houve mudanças de titulares em quatro secretarias: Relações Institucionais, Meio Ambiente, Saúde e Assistência Social. Além disso, foram criadas mais duas secretarias, de Inovação e de Esportes e ainda o ingresso oficial do PP no governo, com direito a cargos, e inclusive, agora, uma secretaria. Falando em PP, a decisão do Prefeito de nomear Rafael Bortoluzzi para a Assistência Social encolheu o espaço do PSB no governo, confirmando a tendência de Pedro se alinhar mais com a direita, de olho em 2024. Será q vem por aí uma dobradinha PSD-PP??
Relação
Mas a mudança mais significativa politicamente falando foi na relação do prefeito com a Câmara de Vereadores, com a ampliação da base de apoio, consolidando uma maioria que anteriormente se mostrava bastante flutuante. Isso pode ser atribuído em grande parte à nomeação de Josué Longo (PP), na secretaria de Relações Institucionais, que garantiu o que ainda faltava ao prefeito, que é a expertise na articulação política. Foi essa articulação que garantiu a aprovação do projeto do subsídio, com um resultado até folgado, depois da derrota em dezembro do ano passado, que ainda estava entalada na garganta do chefe do Executivo.
Reeleição
E daqui um ano, em julho de 2024, os partidos estarão batendo o martelo sobre as candidaturas às eleições municipais, com a realização das convenções. Depois de um grande índice de reeleição de prefeitos registrado em 2020, quando dos 290 que tentaram permanecer no cargo, 209 foram reeleitos no RS, a expectativa é se essa taxa de sucesso que superou os 70% se repita em 2024. Na região, os eleitores de Passo Fundo, Soledade e Erechim podem reeleger os atuais prefeitos. No caso de Erechim, caso isso aconteça, Paulo Polis (MDB) pode vir para o seu quarto mandato, já que foi eleito em 2008, 2012 e 2020. Em Soledade, a atual prefeita, Marilda Corbelini (MDB) foi vice-prefeita de 2016 a 2020, e se reeleita no ano que vem, completará três mandatos no Executivo. Já os prefeitos de Carazinho e Marau completam o seu segundo mandato e não podem concorrer à reeleição. Aliás, tanto Milton Schmitz como Iura Kurtz, ambos do MDB, ainda não bateram o martelo em relação ao nome do possível sucessor, o que se tratando de majoritária pode ser um erro fatal...