Por Julcemar Zilli, economista
Os produtores de leite em Passo Fundo contaram com pequeno alívio em relação aos preços do produto, visto que a recente pesquisa da Universidade de Passo Fundo (UPF) mostrou alta de 9,03% nos preços do leite tipo C nos supermercados da região em janeiro de 2024.
Porém, essa melhora momentânea não deve obscurecer a realidade enfrentada pelos produtores gaúchos. Apesar do aumento, os preços ainda operam, nominalmente, 22,9% abaixo de 2022, conforme apontado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP).
O principal motivo da desvalorização do leite está, principalmente, no aumento das importações brasileiras de leite, que foram 68,8% superiores ao ano de 2022, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
É inegável que os custos de produção têm aumentado significativamente ao longo dos anos. Desde os insumos básicos, como alimentação para o gado e medicamentos veterinários, até os custos operacionais, como energia elétrica e mão de obra, tudo parece estar em uma escalada de preços. Enquanto isso, os valores pagos pelo leite não têm acompanhado essa tendência, colocando os produtores em uma situação cada vez mais delicada.
Em busca de soluções
Diante desse cenário desafiador, é crucial serem encontradas soluções estruturais para garantir a sustentabilidade da atividade leiteira no Rio Grande do Sul. Apenas aumentos esporádicos nos preços não são suficientes para garantir a viabilidade econômica dos produtores a longo prazo.
Uma das soluções possíveis é o fortalecimento da organização coletiva dos produtores. Por meio de cooperativas e associações, os produtores podem ter mais poder de negociação e conseguir melhores condições tanto na compra de insumos quanto na venda do leite. Além disso, a agregação de valor ao produto final, através da produção de laticínios diferenciados e da busca por mercados mais rentáveis, pode ser uma estratégia eficaz para aumentar a rentabilidade da atividade.
Outro ponto importante é o investimento em tecnologia e inovação. A adoção de práticas mais eficientes de manejo, a melhoria genética do rebanho e o uso de sistemas automatizados podem contribuir para reduzir os custos de produção e aumentar a produtividade, tornando a atividade mais lucrativa. Para tanto, há necessidade de acesso a linhas de crédito acessíveis e programas de assistência técnica, são fundamentais para apoiar os produtores nesse momento de dificuldade.
Em resumo, embora o aumento nos preços do leite seja uma boa notícia para os produtores regionais, não podem se contentar com pequenas melhorias pontuais. É preciso um esforço conjunto dos atores envolvidos na atividade para garantir a sustentabilidade da atividade leiteira no Rio Grande do Sul. Apenas assim poderemos assegurar que os produtores de leite possam continuar contribuindo para o desenvolvimento econômico e social da nossa região.
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