Por Julcemar Zilli, economista
Na última quinta-feira (25), o aguardado leilão para a parceria público-privada (PPP) dos aeroportos Lauro Kortz, em Passo Fundo terminou sem nenhum proponente interessado.
A PPP, que tinha como objetivo selecionar um parceiro para operar, fazer a manutenção e ampliar a capacidade da infraestrutura dos dois terminais por 30 anos, além de promover investimentos superiores a R$ 101 milhões, foi recebida com desinteresse por parte das empresas.
Este resultado gera uma série de reflexões e questionamentos sobre os possíveis motivos que levaram à falta de interessados.
Cenário econômico incerto
Um dos fatores que possivelmente contribuiu para a ausência de proponentes é o cenário econômico incerto. Em tempos de instabilidade econômica, as empresas tendem a ser mais cautelosas em relação a investimentos de longo prazo, especialmente aqueles que envolvem grandes quantias e comprometimentos extensos, tal como uma concessão de 30 anos. O risco de não obter retorno adequado pode ter afastado possíveis interessados.
Regulamentações e burocracia
Outro ponto crucial pode ser o excesso de regulamentações e burocracia envolvidas em uma PPP. A complexidade dos processos licitatórios e as exigências legais podem ser vistas como obstáculos significativos para as empresas, que acabam por considerar que o esforço e o tempo investido no cumprimento de todas as normas não compensam os potenciais benefícios. Uma maior simplificação e clareza nas regras poderiam tornar o projeto mais atraente.
Expectativas de retorno financeiro
As expectativas de retorno financeiro também são um fator determinante. Se as projeções de receita e lucro não forem suficientemente atrativas, as empresas naturalmente hesitam em investir.
Isso pode estar relacionado à demanda projetada para os serviços aeroportuários nos dois terminais, bem como à competitividade com outros aeroportos da região. Uma análise mais aprofundada das potencialidades de crescimento do tráfego aéreo e das condições de mercado locais poderia fornecer respostas mais claras.
Investimentos necessários
Os investimentos exigidos, superiores a R$ 101 milhões, são consideráveis. Empresas podem ter avaliado que o valor necessário para modernizar e expandir as infraestruturas dos aeroportos é elevado em relação ao potencial de retorno.
Além disso, a necessidade de manutenção constante ao longo de 30 anos adiciona um custo contínuo que pode ser visto como um fardo financeiro adicional.
Condições contratuais
As condições contratuais oferecidas pelo governo também podem ter influenciado o desinteresse. Se os termos do contrato não forem atrativos, seja em termos de divisão de receitas, responsabilidades ou garantias, as empresas podem decidir não participar do leilão. Uma revisão e possível flexibilização das condições contratuais poderiam tornar a proposta mais palatável para futuros interessados.
Diante disso, a ausência de proponentes no leilão dos aeroportos Lauro Kortz é um indicativo de que há diversos fatores em jogo que precisam ser reconsiderados.
Para atrair investimentos privados, é essencial que o governo avalie e ajuste as condições oferecidas, simplifique os processos burocráticos e apresente uma análise convincente do potencial de retorno financeiro. Somente assim será possível transformar o terminal em pontos estratégicos de desenvolvimento regional, impulsionando a economia local e proporcionando melhores serviços à população.
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