Cerca de 100 pessoas se reuniram em manifestação contra a escala 6x1 na tarde desta sexta-feira (15) em Passo Fundo, no norte do Estado. O ato aconteceu no cruzamento da Rua Bento Gonçalves com a Avenida Brasil, conhecida historicamente como esquina democrática.
Manifestações como esta ocorreram simultaneamente em diversas capitais brasileiras, para demonstrar o viés favorável à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que discute o formato de escala no país.
A medida é de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), e defende a redução da carga de trabalho de 44 para 36 horas semanais. Na última quarta-feira (13), a PEC atingiu o número mínimo de assinaturas de deputados e deve tramitar na Câmara.
Em Passo Fundo, o movimento foi organizado por entidades sindicais voltados às classes trabalhadoras, além de estudantes, partidos políticos e coletivos de jovens. Entre as vozes de liderança, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Tarciel Silva, ressaltou que o comércio é a área mais afetada por esse modelo de trabalho na cidade:
— Quem mais sofre com a 6x1 são os trabalhadores comerciários e muitos chegam a fazer 52 horas por semana. Quem também sofre com isso é a família, os filhos, que ficam sem momento com aquele trabalhador. De toda a economia mundial, o Brasil é onde os trabalhadores mais trabalham e menos ganham, e nós temos que fomentar essa discussão.
Entre os manifestantes, o discurso da contrariedade ao modelo de escala é fundamentado em trazer condições de vida digna aos trabalhadores, com maior tempo de descanso e lazer.
— Por muito tempo estive nessa modalidade. Hoje quis trazer meus pais para o movimento, mas os dois trabalham 6x1, o que impossibilita os trabalhadores até mesmo de reivindicar seus direitos. Precisamos retomar essa luta e buscar vários avanços aos trabalhadores — pontuou a estudante de psicologia Alice Pereira da Silva.
— Vi minha mãe trabalhar a vida toda dessa forma e eu também já estive na 6x1 há um tempo atrás. É um formato que explora os trabalhadores, a gente trabalha muito e recebe mal por isso, sem tempo para descansar. A gente não vive, só sobrevive. Estamos lutando pelo mínimo. Todos os direitos conquistados até hoje foi com mobilizações, e só assim levaremos adiante essa pauta — comentou a assistente social Maria Kemmerich.