Pelo menos oito bairros de Passo Fundo têm risco de inundação caso algum rio ou arroio transborde, enquanto áreas próximas aos hospitais da cidade, por exemplo, podem ser contaminadas por materiais radioativos. Esses são alguns dos cenários mencionados pelo Plano de Contingência de Passo Fundo, documento elaborado pela Defesa Civil e prefeitura com medidas a serem adotadas no caso de crises ou catástrofes.
Publicado em 24 de maio no Diário Oficial, o plano tem 126 páginas e classifica 17 cenários de perigo. Apesar do foco nas oito localidades, em casos de enxurradas, inundações, estiagem, chuva intensa e granizo, todo o território passo-fundense é classificado como área de risco. Acesse o documento na íntegra neste link.
Uma consulta pública do plano foi aberta em fevereiro e se encerrou em 20 de março, a fim de ouvir sugestões da comunidade. Além das áreas de risco, o documento também traz quais órgãos devem ser acionados no caso de cada desastre. Naqueles relacionados ao clima, estão listados a Brigada Militar, Bombeiros, Samu, Corsan, RGE, CEEE e Coprel, Secretaria de Habitação e Secretaria de Cidadania e Assistência Social, cada um com o contato imediato que pode ser buscado pela população afetada.
O plano cita o excesso de chuva que causou estragos na cidade entre setembro e novembro de 2023. No episódio, uma pessoa morreu e pelo menos 1,8 mil foram atingidas, além de 450 casas com danos registrados. Esses eventos, porém, não são novidade no município: Passo Fundo já enfrentou enxurradas e inundações entre 1983 e 1990, além de estiagem intensa nas décadas de 1980, 1990, 2000 e 2010.
Oito bairros de maior risco
Conforme o Plano de Contingência de Passo Fundo, é mais provável que haja enchente nos bairros Entre Rios, Santa Maria, Zacchia, Victor Issler, Annes, Vila Luíza, Integração e Parque Farroupilha — todos já atingidos antes.
Os bairros estão próximos ao Rio Passo Fundo ou aos arroios Santo Antônio e Pinheiro Torto, além de córregos e sangas. Saiba os riscos em cada localidade:
Entre Rios
Acúmulo de águas pluviais em lotes, vias urbanas, pontes, Áreas de Preservação Permanente (APPs) e servidões de acesso. O Rio Passo Fundo, Arroio Santo Antônio e demais sangas, córregos e canalizações que desaguam no Rio Passo Fundo, transbordam e chegam a um nível de aproximadamente um metro acima da borda do rio, em pontos mais baixos do bairro.
Santa Maria
Arroio Santo Antônio e demais sangas, córregos e canalizações chegam a aproximadamente 70 centímetros acima do nível dos terrenos de residências particulares. Algumas vias também podem ficar alagadas.
Zacchia
Acúmulo de águas pluviais em lotes, vias urbanas, pontes, áreas de APP e servidões de acesso. O Rio Passo Fundo pode transbordar e alcançar cerca de 80 centímetros acima da borda nos pontos mais baixos do bairro.
Victor Issler
O transbordamento do Rio Passo Fundo resulta no alagamento de residências e vias em pontos do bairro.
Annes
Acúmulo de águas podem resultar no transbordando do Rio Passo Fundo, alagando ruas, lotes e áreas de APP.
Vila Luíza
Transbordamento de sangas e córregos nos pontos mais baixos da vila, o que causa alagamentos em vias.
Integração
O acúmulo de águas do Arroio Pinheiro Torto e demais sangas causa alagamentos nas partes mais baixas do bairro.
Parque Farroupilha
Volume de chuva causa o transbordo do Rio Passo Fundo, atingindo casas, lotes e vias urbanas.
Outros pontos de alerta
Além das crises climáticas, o Plano de Contingência delimita 10 áreas de risco para outros tipos de desastres. Os territórios abrangem os arredores dos hospitais São Vicente de Paulo (HSVP) e de Clínicas (HC), Presídio Regional e Terminal Petrolífero, além de cinco empresas privadas.
Segundo o documento, os locais apresentam perigo de liberação de produtos químicos, alto risco de incêndio, extravasamento ou armazenagem de produtos tóxicos e risco de intensa poluição ambiental por resíduos radioativos.
Fora do perímetro urbano, a Barragem do Capingui I é classificada com risco de rompimento e colapso. O cenário foi incluído no plano de forma preventiva, uma vez que não houve ocorrência de desastre registrado na área. No levantamento, constam 13 residências nas proximidades e possibilidade de 52 pessoas afetadas.
O reservatório possui volume de 42 mil litros de água e a barragem é classificada como tipo B, conforme categorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Isso significa que o local apresenta risco baixo, mas dano potencial alto. Nessa classe, as anomalias detectadas devem ser controladas e monitoradas, e as intervenções podem ser feitas ao longo do tempo para garantir segurança.