Novos episódios de derrubada de Mata Atlântica foram registrados na região norte do RS. Os casos aconteceram em Constantina, na última quarta-feira (27), e em Maximiliano de Almeida, na terça-feira (26), somando 39.000 metros quadrados de desmatamento.
Desde o dia 27 de novembro, o norte do Estado teve oito flagrantes de destruição de mata nativa, totalizando 270.368 metros quadrados, o equivalente a pouco mais de 25 campos de futebol oficiais. O crime ambiental aconteceu em Liberato Salzano, Soledade e Vicente Dutra, além de Maximiliano de Almeida e Constantina.
Nos casos desta semana, o 3º Batalhão Ambiental da Brigada Militar (BABM) foi acionado a partir do alerta emitido pela plataforma MapBiomas, que faz o georreferenciamento das áreas afetadas através de levantamento fotográfico e análise das imagens de satélite. Para confirmar os flagrantes, drones foram utilizados.
Nos dias 26 e 27 de dezembro, o BABM constatou o manejo florestal irregular em quatro áreas lindeiras no interior do município de Constantina, totalizando 2,85 hectares em que foram destruídas árvores nativas como timbó, canela, angico, açoita-cavalo e aroeira. Já no interior de Maximiliano de Almeida foi desmatado cerca de um hectare de mata nativa, de espécies como camboatã, guajuvira e araucária.
Os proprietários responsáveis pelas áreas não tinham autorização para intervenção e manejo florestal. Assim, responderão por crime ambiental contra a flora.
De acordo com a pesquisa Contas de Ecossistemas - Espécies Ameaçadas de Extinção no Brasil 2022, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Mata Atlântica é o bioma brasileiro com maior número de espécies de plantas e animais ameaçados de extinção no país.
Das 11.811 espécies avaliadas no estudo, 43% estão ameaçadas. A Mata Atlântica também é o bioma com mais espécies declaradas extintas: oito, segundo o IBGE, sendo a mais recente a perereca-gladiadora-de-sino.
Desmatamento cresceu 68% no RS
De 1º de janeiro até o início de dezembro, o BABM flagrou mais de 75 milhões de metros quadrados de área desmatada de forma irregular no Rio Grande do Sul. O índice de flagrantes é 68% mais alto do que em 2022.
Conforme o Ministério Público, o aumento dos flagrantes tem a ver com o MapBiomas, rede colaborativa formada por organizações não-governamentais, universidades e startups de tecnologia que mapeia a cobertura e uso da terra desde 1985. No RS, os dados são monitorados desde 2021.
O desmatamento florestal e o uso irregular do solo são crimes ambientas e causam diversos impactos ao meio ambiente, prejudicando a biodiversidade e contribuindo para as mudanças climáticas. Conforme a lei no 9.605/1998, a pena varia desde multa até detenção, de um a três anos de prisão.