Com mais de três décadas de cooperativismo, chegou o momento de Ari Rosso, natural de Passo Fundo, aos 72 anos, buscar novos ares, curtir a família e se dedicar ao seu escritório de contabilidade. Após 28 anos no cargo e 36 na instituição, Rosso deixou a presidência no Sicredi Integração RS/SC/MG.
Personagem conhecido na cidade e na região norte do Estado, o contador tem uma trajetória que se confunde com a história do Sicredi. É difícil falar de Ari e não associar a sua imagem com a da financeira cooperativa.
— Tenho muita gratidão das pessoas lembrarem de mim pelo Sicredi, significa que minha a luta não foi em vão. Toda essa trajetória teve um ideal, uma missão, e um propósito, de ver o novo — declara o ex-presidente do Sicredi Integração RS/SC/MG.
A história de Rosso inicia em 1951, na Vila Rosso, distrito de São Roque, no interior de Passo Fundo, em uma família de pequenos agricultores e com 11 irmãos (oito homens e três mulheres). Ari constituiu uma família com Dorilde Rosso: são dois filhos, Jeferson Rosso e Vagner Rosso, e três netos, Theo Tessaro Rosso, Ana Jília Tessaro Rosso e Arthur Diesel Rosso.
Na infância, ele trabalhou na área rural com o pai e em uma pequena serraria. Aos 16 anos, Rosso deixou o campo para morar na cidade com os avós. Ele recebeu uma bolsa do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Passo Fundo e deu continuidade aos estudos no Colégio Conceição. Ari se formou como técnico em Contabilidade e, em 1971, começou a desenvolver um trabalho de luta pelos direitos dos agricultores no sindicato.
Neste período, participou de pautas importantes como programa de financiamento ao agricultor familiar, direito da aposentadoria e outros benefícios da previdência social aos trabalhadores do campo, entre outros.
O início no cooperativismo
As principais lembranças no cooperativismo iniciam em 1987, quando a Cooperativa de Crédito Rural de Passo Fundo (CrediPasso) foi acolhida pelo sindicato. Ele era diretor administrativo e lembra com carinho dos primeiros passos.
— Era uma sala pequena, junto de dois colaboradores, com mesas, cadeiras, máquinas de escrever e somar, que foram cedidas pelo sindicato. Nós iniciamos com o resgate do cooperativismo. Foram muitas ações de relacionamento, através de reuniões, eleições, formação de lideranças em todas as comunidades do interior de Coxilha, Ernestina, Mato Castelhano, Pontão e Passo Fundo — lembra Rosso.
Em 1992, a CrediPasso se unificou com o Sistema Sicredi e tornou-se Sicredi Planalto Médio. Um ano depois, Rosso se desvinculou oficialmente do sindicato. Em 1995, ele assumiu a presidência do Sicredi. É do ano em que foi incumbido do compromisso que vem a lembrança mais marcante:
— Os nossos associados entregaram a sua produção de soja e não conseguiram vendê-la. Esses associados tinham financiado o custeio da safra e, consequentemente, não conseguiram somar seus compromissos. A alternativa encontrada, então, foi a securitização da dívida — conta, ao lembrar da importância do trabalho cooperativo.
O legado que deixa
Por meio de ações de cooperação, solidariedade e ajuda mútua, Rosso buscou atender as necessidades dos associados, sempre com a visão econômica e social, pilares do cooperativismo. Para ele, esse sistema de cooperação tem um papel fundamental para a sociedade.
— O cooperativismo tem papel importante para, juntos, construirmos uma sociedade cada vez mais próspera. O cooperativismo faz bem para o Brasil e para você também — enfatiza.
Deixar a instituição foi uma decisão planejada e pensada por muito tempo. Com sentimento de dever cumprido, Rosso garante ter procurado fazer o melhor nestes 36 anos de empresa.
— Estou com a consciência tranquila, com muita paz no coração. É um sentimento de ter procurado fazer tudo o que foi possível, uma sensação de dever cumprido — diz.
Para a saída, foi realizado um processo sucessório do conselho de administração da instituição, com apoio das diretorias estratégica e executiva, o que lhe deixou totalmente satisfeito em "passar o bastão".
— Toda essa trajetória foi concluída com um processo de sucessão do conselho de forma muito tranquila, com transparência e muito planejamento. Somos uma grande instituição financeira cooperativa, estamos entre as maiores do Brasil. Já estamos com um planejamento estratégico definido até 2025 — afirma Rosso, ao destacar os números de 61,4 mil associados e 355 colaboradores, entre as 25 agências.
Oficialmente, a despedida do Sicredi foi no sábado, 8 de julho. O novo presidente do Sicredi Integração RS/SC/MG é Alexandre Palagio.
O futuro
Na última semana, Ari Rosso e a esposa Dorilde uniram dois dos principais hobbies do passo-fundense: viajar e estar na praia. Eles viajaram para o litoral em busca de uns dias de descanso.
Esse é um dos objetivos de Rosso para os próximos meses: curtir mais suas vontades e a família. Nas horas vagas, ele é fã de filmes e leituras, além do lazer de estar com quem ama.
— Vou tirar umas férias com a família neste primeiro momento, curtir mais os meus três netos. Depois, vou trabalhar no meu escritório de contabilidade — afirma.