A gaiteira passo-fundense Bruna Scopel, 27 anos, dedica sua vida à música desde os 13 anos, sobretudo ao acordeon. Depois de uma trajetória que inclui a participação em um grupo tradicionalista e duplas com músicos fazendo shows em vários Estados, ela decidiu pela criação de um canal no YouTube, que hoje tem mais de 400 mil inscritos e uma página no Facebook, com mais de 600 mil seguidores, que além das aulas de acordeon, são sua única fonte de renda.
Vivendo em Brasília desde janeiro deste ano, Bruna se afastou dos palcos nos últimos anos devido a problemas na coluna, causados pelo peso do instrumento.
No começo de abril, ela assumiu um relacionamento homossexual, e por coincidência ou não, nove dias depois, em 6 de abril, seu canal no YouTube e sua página no Facebook foram invadidos e excluídos permanentemente. Dois dias depois voltaram ao ar. Mas, para a surpresa da gaiteira, na última quinta-feira (13), o canal foi novamente excluído e ela perdeu o acesso ao Facebook.
Bruna atribui os ataques ao preconceito por ter assumido um relacionamento com a empresária Quezia de Pinho.
— Nitidamente grande parte do meu público (homens) não gostaram da “ideia” e tivemos muitos ataques homofóbicos. A partir do momento em que assumi a relação foram muitas ofensas.
Bruna conheceu Quezia em 2022 quando já residia em Brasília.
— Nos conhecemos em uma viagem dela para o Rio Grande do Sul. Num primeiro momento eu achei que era uma amizade muito forte que estávamos construindo, porém o amor não escolhe gênero, sexo, cor, ele simplesmente acontece e foi o que aconteceu. Experimentei um sentimento lindo, porém tive medo no início, porque sei que o mundo ainda é muito machista. Chegou um ponto que ficou impossível esconder e ai eu bati no peito e assumi, tanto para me sentir livre, como para incentivar pessoas que estão passando pelo mesmo dilema que eu passei. Graças a Deus a minha família me acolheu com amor e carinho e também acolheu a Quezia como minha companheira, da mesma forma que a família dela também me acolheu. Hoje moramos juntas em Brasília e estamos trocando experiências profissionais.
Bruna está reunindo provas e busca reparação na justiça do prejuízo.
— Foram sete anos de canal, de trabalho árduo, sem dormir, aprendendo a editar porque não sabia nada dessa parte, tudo para que o canal chegasse onde chegou. Literalmente perdi tudo do dia para a noite. Agora meu único meio de comunicação está sendo o Instagram. Estou tomando as devidas providências, mas corro o risco de ter todo o trabalho dos últimos anos perdido.
Talento precoce
Bruna começou tocando violão aos 11 anos. Em 2009, aos 13 conheceu o trabalho de Teixeirinha e Mary Terezinha e se apaixonou pela gaita. A família não tinha condições de comprar o instrumento e ela começou a tocar com uma gaita emprestada.
— Eles não tinham certeza que eu realmente me dedicaria, acharam que era coisa de criança. Fui tocando, procurando dicas na internet e logo comecei os meus primeiros floreios. Vendo a minha vontade, minha mãe, na época recém viúva, me colocou para fazer aula com um professor particular, mas as coisas foram apertando financeiramente e teria que parar com as aulas. Então veio o projeto de uma rádio local que oferecia aulas eram de graça, ministradas pelo professor Joelson Godinho. Assim que eu fui me aperfeiçoando, fui chamada pra integrar o grupo Chama Campeira, de Passo Fundo, onde animei bailes por seis anos.
Com o peso do acordeon, a jovem teve problemas na coluna e não pode mais assumir quatro horas de baile. Saiu do conjunto e fez uma dupla com Giuliano Teixeira, neto de Teixeirinha. Fez shows com a cantora internacional Perla Paraguaia, onde se apresentaram juntas na TV e no palco, em estados como São Paulo e Mato Grosso. Em 2016 formou uma nova dupla com Augusto Camargo, de quem era namorada. Tocaram por cinco anos, fazendo shows nos estados brasileiros com os projetos: Raiz é Um Tributo ao Rei do Disco.
Em2019 a dupla recebeu indicação aos melhores do ano na página do Giovani Grizotti, como Revelação.
— Fomos os artistas mais votados daquela edição, com mais de 118 mil votos. Neste período comecei a trabalhar com a internet e fazer vídeos pro YouTube, tocando e também dando dicas e fazendo videoaulas gratuitas para quem tivesse interesse em aprender. Em 2021 encerramos a dupla e também nosso relacionamento. Eu parei com os shows por conta da coluna mas segui na internet ajudando jovens e adultos com o canal e com as aulas. Atualmente meu trabalho está exclusivamente direcionado à internet, com o canal do YouTube, Instagram e TikTok.
Bruna tem planos de seguir com seu canal e página na internet, além do ensino do acordeon, mas não descarta um retorno aos palcos. Confessa que talvez um projeto instrumental solo venha por aí.
GZH Passo Fundo
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