Campeão da Recopa Gaúcha e classificado para a segunda fase da Copa do Brasil, o São Luiz ainda briga pela classificação para as quartas de final do Gauchão. A fase do Rubro está rendendo frutos, dinheiro no caixa e os atletas aproveitam o momento. É o caso do volante Gabriel Davis, que é um dos destaques da equipe e que foi apelidado de Toni Kroos pelo comentarista da Rádio Gaúcha, César Cidade Dias.
Um dia após a conquista do título da Recopa Gaúcha sobre o Grêmio, o atleta ainda estava emocionado. O jogador comemorou o fato de entrar para a história do clube.
— Não tem como descrever, na verdade, o tamanho da felicidade de estar podendo, em tão pouco tempo, já ser campeão com o São Luiz. Poder marcar o nome no clube e contra uma equipe muito grande, uma camisa muito gigante, que é a do Grêmio.
O atleta de 34 anos chegou ao São Luiz em dezembro do ano passado. Com passagens por clubes do norte do país e do exterior, Gabriel Davis acredita estar vivendo um dos melhores momentos da sua carreira. A projeção aumentou depois de sua atuação, justamente contra o Grêmio pela primeira fase da Gauchão, disputado na Arena. Na partida que terminou empatada em 1 a 1, o volante levou o apelido do alemão Toni Kroos, do Real Madrid.
— Tenho vivido dias diferentes. Confesso que é um dos jogadores que eu tenho na minha prateleira como inspiração. Toni Kroos é um cara sensacional, que não erra passe durante o jogo, um cara campeão de tudo. Tem sido difícil por um lado, porque eu tenho que trabalhar mais. Eu tenho que fazer, procurar entrar de campo e tentar repetir as atuações que esse cara faz e é muito difícil. Não é fácil, cara, porque carregar o apelido de Toni Kroos é uma missão bem difícil — comentou.
Toni Kroos "Davis"
Na véspera da decisão da Recopa, em Ijuí, o jogador foi visitar o comentarista César Cidade Dias no hotel e o presenteou com uma camisa do São Luiz. Uma atitude que também emocionou o comentarista.
— Olha o carinho do jogador. Estava aqui no hotel, guardou a camisa do jogo para me dar de presente. Foi um dos presentes mais legais que recebi na minha vida como comunicador. Porque mostra carinho de quem faz o espetáculo, de quem desenvolve isso. Esse menino é muito bom jogador e eu fiquei muito feliz. É um dos dias mais felizes que eu tive por esse reconhecimento. Torço muito para o Toni Kroos Davis, do Rio Grande do Sul — disse o César Cidade Dias em um vídeo publicado nas redes sociais.
— Não foi apenas um apelido de um momento, não. Ele carregou com isso, ele me deu força, me deu apoio em rede nacional, o pessoal me chamando de Toni Kroos – destacou Davis.
O atleta garantiu que o apelido o inspirou nos jogos seguintes. Prova disso é que ele marcou um dos gols do time na vitória sobre o Ituano, que deu a vaga para a segunda fase da Copa do Brasil.
Apesar da idade, o jogador ainda sonha com a possibilidade de atuar em um grande clube do futebol brasileiro. Ao final da participação do clube no Gauchão e na Copa do Brasil, ele deverá atuar por outro time, pois o São Luiz não terá competições nacionais para participar no segundo semestre.
— Eu estou com 34 anos, é muito difícil, para muita gente é impossível chamar atenção de um grande. É muito difícil chamar atenção de um Inter, de um Grêmio, de um clube de Série A, de um Juventude, mas a gente sabe que não é impossível, a gente sabe que lá dentro de campo, fazendo as coisas acontecerem, num momento certo, na hora certa, as coisas dão certo. Eu tenho esperança de que um dia isso venha a acontecer e fazendo atuações como o Toni Kroos nada é impossível — salientou.
Atleta de Venâncio Aires
Aquela partida contra o Grêmio na Arena ainda foi muito mais especial do que o próprio apelido. Foi a primeira vez que o seu pai, João Valmor, 52 anos, viu um jogo seu pessoalmente.
— Eu saí muito cedo de casa. Meu pai é trabalhador, sempre teve que ficar cuidando das coisas lá em casa, tomando conta dos meus irmãos, da minha mãe, e ele nunca pôde me acompanhar nos estados que eu passei, nem nos outros países. Aí, quando eu optei em vir para o Rio Grande do Sul, foi justamente para jogar ao lado dele, para jogar ao lado da minha mãe também — ressaltou.
Assim como grande parte dos jogadores de futebol, o início da carreira de Gabriel Davis não foi fácil. Natural de Venâncio Aires, ele saiu da casa dos pais ainda muito jovem para realizar o sonho de ser profissional. Passou pela base do Juventude, em Caxias do Sul, e foi na cidade da Serra Gaúcha onde casou e tem residência ainda hoje.
— A minha história de vida é de superação no futebol. Ela é como a grande maioria dos atletas brasileiros que vencem no futebol. Eu tive poucas oportunidades, mas as que eu tive eu aproveitei. Saí de Venâncio Aires, de uma vila. É gratidão mesmo.
Decisões para o São Luiz
Depois da conquista da Recopa, o clube não tem muito tempo para festejar. No sábado (2), o São Luiz enfrentará o Santa Cruz na última rodada da primeira fase do Gauchão, no Estádio 19 de Outubro. A partida vale a classificação e a fuga do rebaixamento. Além disso, tem pela frente a segunda fase da Copa do Brasil, que será em março contra o América-RN, em Natal.
Aliás, o clube do Rio Grande do Norte quase foi o destino de Gabriel Davis durante a temporada. Recentemente, ele recebeu uma proposta, os clubes se acertaram, mas como o atleta jogou na primeira fase da Copa do Brasil, o negócio não evoluiu.
— A gente está vivendo isso porque a gente entrou com o intuito de jogar uma final. Então não vai ser diferente esses outros jogos que a gente tem pela frente, vamos entrar como se fosse uma final, e é final, é jogos decisivos, que pode nos dar, Copa do Brasil pode nos dar mais uma fase, pode ajudar o clube financeiramente, nos ajudar como uma vitrine. O Estadual pode nos colocar numa situação muito boa, dando vaga ao clube na Série D do Brasileirão do próximo ano.