Considerado um evento inédito no norte gaúcho, a implosão do silo da Cesa de Passo Fundo acontecerá em 11 de agosto, no domingo de Dia dos Pais. Em coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (1º), a Defesa Civil do município informou a ação durará seis segundos a partir das 9h, mas a operação começa antes.
Conforme o órgão, o evento envolve um complexo plano de segurança e isolamento que será coordenado pelo Sistema de Comando de Incidente (SCI). O objetivo é realizar todos os procedimentos necessários para garantir a segurança da população com o mínimo de transtorno.
O isolamento da região começará já no sábado (10), às 18h, com a proibição de estacionamento naquele perímetro. O bloqueio total do trânsito e a evacuação de pessoas e animais da área será no domingo, às 7h.
— A operação de implosão exigirá o bloqueio de um raio de 200 metros ao redor do silo e orientações para os moradores do entorno. A Avenida Brasil e vias adjacentes serão fechadas como medida de segurança — disse o coordenador municipal da Defesa Civil, Fernando Bicca.
A operação de implosão é conduzida pela equipe do engenheiro Manoel Jorge Diniz Dias, conhecido como “Manezinho da Implosão”. Em seu currículo, foi o responsável por grandes implosões ocorridas no Brasil desde 1987, como a do edifício residencial Palace II, em 1998, no Rio de Janeiro, e o complexo penitenciário do Carandiru, em 2002, em São Paulo.
Na coletiva, Manezinho informou que a implosão da Cesa tem grau de dificuldade 8 de 10 — o mesmo do prédio da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do Sul, ocorrido em 2022 em Porto Alegre.
Segundo ele, toda a perfuração do prédio já foi finalizada e, agora, as equipes avaliam se também será necessário perfurar o subsolo.
— Ainda estamos finalizando as intervenções de caráter de demolição convencional e aguardamos a chegada das telas de proteção, o que deve acontecer até esta sexta (2). Na semana que vem teremos um efetivo maior na equipe para os preparativos finais — contou Manezinho.
De acordo com o engenheiro, a torre principal do silo será implodida na vertical e o restante dos silos serão tombados logo na sequência, para otimizar a posterior retirada dos entulhos. A operação acontece mesmo se chover, uma vez que o fenômeno ajuda a diminuir a poeira.
— Serão utilizados cerca de 100 kg de explosivos para um volume de concreto calculado de três a quatro mil metros cúbicos. Após a implosão, será necessário cerca de um mês para retirar os entulhos — frisa o engenheiro.
Como será a operação
Além do bloqueio e isolamento em um raio de 200 metros da área da Cesa, moradores das casas e edifícios a 400 metros serão informados sobre a implosão para que, no dia, não se assustem com o barulho. Os alertam impressos começaram a ser entregues na tarde de quarta (31).
— A população deve seguir todas as orientações para garantir a segurança e o sucesso da operação, assim como todos os envolvidos, moradores e comerciantes da área afetada devem seguir as instruções fornecidas pelas autoridades — disse Bicca.
A Defesa Civil estima que existam 300 moradores na área mais próxima. Todos serão convidados a ir até o Parque Linear do Sétimo Ceú, onde serão acolhidos por equipes com café e lanche até o fim da operação.
Quem preferir ir para a casa de amigos ou familiares, por exemplo, está liberado. A única proibição é ficar dentro de casa no momento da implosão. A previsão é que antes das 10h essas pessoas já possam retornar para suas casas.
No dia da implosão serão acionados cinco avisos sonoros de alerta para anunciar o fim do prazo de cada uma das etapas. São elas:
- 1° toque: às 8h, para desocupação total dos imóveis
- 2° toque: às 8h30, para bloqueio total das vias para circulação de trânsito e pessoas
- 3° toque: às 8h50, para inspeção final da área evacuada. Nessa etapa, drones serão utilizados para inspecionar se terão pessoas e animais na área
- 4° toque: às 8h55, um toque de atenção
- 5° toque: às 8h59, contagem regressiva para implosão.
Locais de interrupção do trânsito
Avenida Brasil
- Antes do viaduto no sentido centro-bairro Petrópolis
- Na Rua Álvares Cabral, no sentido bairro-centro
Trevos do São José e da Caravela
A Guarda Municipal de Trânsito estará nos locais para orientar sobre os desvios, que também afetarão os ônibus urbanos.
Quem faz o quê
A operação contará com a participação de instituições e forças de segurança com missões específicas. Saiba o que cada um vai fazer:
- Brigada Militar: responsável pelo policiamento local, apoio na retirada de pessoas, varreduras, segurança e escolta dos explosivos;
- Corpo de Bombeiros Militar: apoiará na segurança, prevenção de incêndios, ambulâncias e caminhão ABT;
- Polícia Civil: monitorará a movimentação no local;
- Polícia Rodoviária Federal e 1º BRBM: informarão e orientarão sobre os desvios de trânsito no horário da operação.
- Secretaria de Segurança: gerenciará o isolamento e desvios de trânsito
- Secretaria de Transportes e Serviços Gerais: auxiliará na preparação do local e intervenções técnicas
- Secretaria do Meio Ambiente: fiscalizará danos ambientais e adotará as providências necessárias quanto ao bem-estar dos animais domésticos retirados da área antes da implosão.
Conforme Bicca, a expectativa é que milhares de pessoas se acomodem para assistir a destruição da estrutura pelo fato de este ser um evento inédito na região. Por isso, haverá um local criado especialmente para quem deseja acompanhar a implosão de perto.
— Projetamos milhares de pessoas para ver a implosão. Claro que o número pode não chegar a ser esse, mas, por precaução, trabalhamos com um grande volume de pessoas. Por isso, toda uma operação para abrigá-las em segurança será montada no dia do evento — afirmou Bicca.
O que será feito no local?
Em entrevista a GZH Passo Fundo, um dos empresários que compraram a área, Roberto Andreetta, da New House Incorporações, declarou que o silo da Cesa dará lugar a um centro comercial. Os detalhes, contudo, ainda precisam ser definidos.
A área de 29.515m² pertenceu à Cesa, que construiu os silos no local em 1952 e desativou as estruturas no início dos anos 2000. O espaço foi comprado em leilão em outubro de 2021 por R$ 23,3 milhões por Roberto Andreeta e Pedro Brair, da Brair Empreendimentos Imobiliários.
A tendência é que, após os silos serem implodidos e a área ser limpa, o local começará a dar espaço a novos negócios. As tratativas para o centro comercial estão acontecendo, mas nenhum contrato foi acertado até o momento.