No clima da Expodireto Cotrijal, que começou nesta segunda-feira (4) em Não-Me-Toque, produtores rurais contam como garantem a produtividade enquanto preservam o meio ambiente. As boas práticas são necessárias para atender as exigências do mercado, que está cada vez mais atento às questões ambientais.
Na propriedade da família Cecconello em Sertão, no norte gaúcho, as produções leiteira e de grãos são as principais atividades. Para gerar menos impactos ambientais, a família implantou placas solares, energia renovável que ajuda nos equipamentos do sistema de ordenha e gera economia.
— A gente tem que pensar no meio ambiente, até porque o clima está cada vez mais desafiador. Acredito que as boas práticas ajudam e muito a minimizar os problemas. Então implantamos as placas solares pensando nisso e também na economia que elas proporcionam — disse o produtor rural Breno Cecconello.
A família também está investindo em um sistema de fertirrigação, que usa os dejetos dos animais para adubação de lavouras e funciona com energia solar. Para que as alternativas sustentáveis cheguem no campo é preciso pesquisa, trabalho e empenho das empresas na fabricação de novos produtos.
Uso de microrganismos vivos
Em Cruz Alta, uma empresa do setor fabrica mais de 70 produtos microbiológicos — o que significa usa microrganismos vivos, como fungos e bactérias, para produzir mais de 70 produtos, como fertilizantes naturais e biodefensivos. A empresa usa lagartas criadas em laboratório e extrai microrganismos delas para fabricação de um dos produtos. Por dia, são criadas dois milhões de lagartas durante todo o ano.
— Os produtos não são nocivos para o ser humano e nem para a natureza, não agridem outros insetos polinizadores. É uma tendência mundial esse tipo de insumo. Cada vez o insumo químico está sendo substituído pelo biológico, que é uma opção mais sustentável — explica o direto industrial da empresa, André Meinen.
A empresa vende os produtos para 15 países, como Estados Unidos e Canadá, e vê o mercado em expansão. Nos últimos dois anos, o número desse tipo de produto praticamente dobrou. Por isso, um aplicativo da Embrapa traz o catálogo com quase mil produtos disponíveis no mercado e registrados no Ministério da Agricultura e Pecuária.
— Tentamos imitar natureza. O que a gente faz em laboratório é criar um insumo comercial de algo que já ocorre na natureza. Nós tentamos identificar e replicar em grande escala — explica o pesquisador da Embrapa Passo Fundo, Anderson Ferreira.
Energia fotovoltaica
As cooperativas também têm papel importante, uma vez que uma das metas do Plano Estratégico do Cooperativismo Gaúcho, lançado em 2022, é buscar a sustentabilidade econômica, social e ambiental das cooperativas e beneficiados por elas. O Rio Grande do Sul tem mais de três milhões de associados em 371 cooperativas, sendo 95 do ramo agropecuário.
— Nós temos uma gama de produtores preocupados com a questão ambiental. Eles têm a consciência clara que é um fator determinante para acessar mercados futuros e também porque tem visão que realmente nós precisamos proteger o a terra que usamos e que vai ser das próximas gerações — comenta o presidente do Sistema Ocergs, Darci Pedro Hartmann.
Na Expodireto Cotrijal, 100% da energia usada no parque é renovável e vem de uma usina fotovoltaica com mais de cinco mil placas. A energia solar também é usada nas unidades da cooperativa e gera uma economia de R$ 2 milhões por ano, além de ser uma das boas práticas adotadas pela cooperativa para preservar o meio ambiente e incentivar que mais agricultores façam o mesmo.
É um momento do agronegócio muito diferente do de anos atrás, como lembra o produtor Clairton Cecconelo, que há mais de 30 anos trabalha com a atividade leiteira e acompanhou de perto todas as transformações no campo.
— Mudou muito e tem que mudar. Ou a gente muda ou fica para trás — afirma o produtor.