Lado a lado, Paulo Sérgio Crusius, de 79 anos, e Antonia Furlanetto, de 23, representam o passado, presente e o futuro de Passo Fundo. Crusius é neurologista e viu os primeiros passos dos cursos de medicina na cidade, fato que, mais tarde, transformou Passo Fundo em um importante polo de saúde no norte do Estado. Furlanetto, por sua vez, é estudante do curso — e tem o município como local essencial à formação.
Os dois são os primeiros personagens da série Olhares, desenvolvida por GZH para celebrar os 166 anos de emancipação política de Passo Fundo, feitos nesta segunda-feira (7). O quadro lembra, em quatro episódios, a visão do município sob diferentes perspectivas — neste caso, na área médica.
Referência em saúde
Passo Fundo é pioneira em inúmeros avanços na região. De novas tecnologias ambulatoriais a cirurgias robóticas, a cidade teve um dos primeiros cursos de medicina do interior do RS que a colocou no mapa da saúde estadual e nacional.
Natural de Marau, Crusius chegou na cidade com apenas 30 dias de vida e assistiu a entrada da Universidade de Passo Fundo (UPF) no campo até então inexplorado da medicina, em 1970. Foi a partir da criação do curso que houve uma mudança de conceito, como conta o neurologista:
— Havia ficado fora durante minha pós-graduação em Londres, e quando retornei, estranhei que os alunos de medicina não tinham permissão para entrar pela porta de frente dos hospitais, tinham que entrar pelo lado.
Neste momento, ele relembra que “bateu de frente” com os diretores dos hospitais e exigiu que os alunos entrassem junto aos professores, pela porta da frente.
— Fui repreendido na época, mas hoje os alunos participam efetivamente. Sem eles, não teríamos essa fase belíssima do progresso da medicina na cidade.
Receptividade
Mais de 50 anos depois, foi este progresso que fez Antonia escolher Passo Fundo para sua formação acadêmica. Natural de Seara (SC), tinha a UPF como opção por estar em uma cidade tranquila e de medicina “tradicional”, como conta. A aprovação veio no segundo semestre de 2019, quando a jovem se mudou para a cidade.
— Ouvia sobre a cidade ter medicina mais tradicional e ser boa para se morar, com boa receptividade. Quando passei no curso optei por vir, mesmo com medo de não formar vínculos como tinha na cidade anterior.
Antonia conta que se surpreendeu positivamente com as amizades e rede de apoio que construiu. Mesmo com mais de 50 anos de diferença, esse é um ponto de encontro nas visões do médico neurologista e da estudante de medicina.
— É um lugar ótimo para criar raízes como médico, para quem quer crescer e se estabelecer. Passo Fundo tem se desenvolvido muito nas questões acadêmicas, tem a agregar ainda mais. Cada vez mais ouvimos e nos surpreendemos com os avanços da tecnologia, e acredito que a cidade tem potencial para agregar muito mais na medicina — comenta Antonia.
— A gente vê um crescimento absurdo tecnológico aqui e no mundo inteiro. E toda essa modificação em cinco, dez ou 15 anos, vai depender desses estudantes, como a Antônia, que serão egressos das faculdades daqui — pontuou Crusius.
Mais olhares de Passo Fundo
Nos próximos dias, novas visões de pessoas que vivem diferentes perspectivas da cidade aniversariante serão compartilhadas em GZH Passo Fundo. Acompanhe também no Facebook e Instagram.