Profissionalmente ou como hobbie, a fotografia serve como um documento para retratar o presente. É através dela que se torna possível olhar para as diferentes fases da vida e parar o tempo em uma mistura de cores no papel ou na tela.
Também é a fotografia que mostra a cidade sob o olhar de quem mais importa: os cidadãos que ali vivem, em suas casas, ruas e bairros.
Por isso, GZH homenageia Passo Fundo pelos seus 166 anos através de diferentes galerias de fotógrafos profissionais e amadores da cidade, que emprestam seus olhares para, cada um à sua maneira, contar a história da cidade.
No olhar dos pequenos
Uma parceria entre a secretaria municipal de educação e o Instituto Histórico de Passo Fundo (IHPF) convidou alunos de quatro escolas da rede municipal a capturarem o espaço que os rodeia na cidade.
Através de oficinas, os jovens entre nove e 14 anos aprenderam questões técnicas e tiveram aulas práticas de fotografia.
— Eles tiraram fotos de pontos turísticos, animais de estimação e bairros. A ideia é que através do olhar fotográfico, as crianças façam essa conexão de estar junto do seu município e ser participativo — relatou Fabiana Beltrami, professora e membro do IHPF.
Um dos estudantes que se arriscou na ideia foi o Anthony Erig Pereira, de 14 anos. Aluno do nono ano da Escola Padre José de Anchieta, ele fotografou a escadaria da instituição, onde tentou capturar o reflexo da janela, transmitido em um corrimão.
— Aqui na escola tem esse corrimão muito bonito e eu quis mostrar a beleza da escola. Eu sempre gostei de fazer as fotos na diagonal, é uma preferência minha. O preto e branco foi outra escolha, que mesmo sem cor dá para a gente destacar os detalhes.
Eu não fazia a menor ideia sobre fotos, então foi uma experiência muito boa. Sempre gostei de fotografar paisagens e fiquei muito feliz de participar da oficina
NICOLY CAMARGO
12 anos
Da mesma escola, a aluna do sétimo ano Nicoly Camargo, de 12 anos, preferiu fotografar a natureza e os animais de estimação da casa da avó. Para ela, a oficina foi o primeiro contato com a técnica da fotografia.
As fotos dos alunos serão expostas na Estação de Arte da Gare, entre os dias 4 e 18 de agosto. Visitas de escolas ou grupos devem ser agendadas pelo telefone (54) 98118-0060.
Da janela do Passinho
Através da janela de casa, o fotógrafo e publicitário passo-fundense Diogo Zanatta alimenta uma prática que era da mãe há pelo menos 15 anos. Do apartamento, ele captura um pouco de tudo que vê, como o entardecer, as fases da lua, paisagens e pássaros que pousam nas árvores.
— Estava no começo da carreira e vi que a posição privilegiada do apartamento me proporcionava coisas legais sem precisar sair de casa. Minha mãe já fazia as fotos no mesmo lugar, mas ela conseguia registrar geada e campos, era outra geografia na época. Eu quis seguir fazendo porque todo dia temos um clique diferente, uma nuvem ou um pássaro que passa por aqui — conta.
Nesse tempo fui evoluindo e sempre busco aperfeiçoar, fazer uma foto diferente. É um projeto que não acaba, mesmo se eu me mudar, eu vou continuar fazendo da nova janela.
DIOGO ZANATTA
publicitário e fotógrafo
O hábito gerou um quadro nas redes sociais do fotógrafo, chamado carinhosamente de “Da Janela do Passinho”. A tradição é tão grande que Zanatta comenta que as pessoas o “cobram” do registro quando vêem um céu bonito. Agora, o fotógrafo se programa conforme os eventos astronômicos para fazer os registros da janela.
Ao longo da carreira, o fotógrafo também registrou o cotidiano de Passo Fundo, como as estações, mudanças climáticas e eventos marcantes. Por meio delas, Zanatta permite que outras pessoas acompanhem as transformações da cidade através do tempo.
— Já tivemos as estações do ano mais definidas, neste ano, por exemplo, estamos em agosto e não consegui fotografar geada ainda, nosso inverno já foi bem mais rigoroso. Eu tento transformar a cidade através da minha foto, localizar ela geograficamente e dar um olhar de quem não consegue ver, para quem não acorda para ver a geada, o raio ou a lua.
Hobbie
Foi durante a faculdade que o coordenador de marketing da congregação Notre Dame, Erni da Rosa, teve o primeiro contato com a fotografia. Ele aprendeu a usar os dispositivos durante a transição de fotos analógicas para digitais.
A facilidade de fazer fotos com os novos aparelhos, sem precisar poupar os filmes, foi o que impulsionou a prática, que hoje está presente no cotidiano do jornalista.
A praça tem uns ares europeus, rodeada de plátanos, e talvez nenhuma árvore demonstre tanto a evolução das estações do ano. Querendo ou não, a praça e a cidade se transformam junto.
ERNI DA ROSA
jornalista
— Sempre gostei de fotos desde pequeno, embora tivesse trauma de ser fotografado. É um hobbie que me distrai e me deixa mais leve, dando outra forma de enxergar o que todo mundo vê. Eu registro aquilo que está no meu olhar, para eternizar uma paisagem ou um momento.
Natural de São Luiz Gonzaga, no noroeste do Estado, Rosa mora em Passo Fundo há cerca de 30 anos e tem a Praça Tamandaré como local favorito para as fotos. Rodeada de árvores, é um prato cheio para quem gosta de fotografia.