Há mais de 30 anos uma loja no centro de Passo Fundo mantém a música, e principalmente o rock, viva entre gerações de fãs. Desde os artistas mais populares, como Creedence e Pink Floyd, até os grandes compositores eruditos da música clássica, o espaço no Plaza Shopping tem opções para todos os gostos.
Com paredes, vitrines e araras abarrotadas de camisetas de mais de 500 bandas, a Fiore Casa do Rock é uma das últimas com foco em artigos musicais que permanece ativa na cidade.
Atrás do balcão e sob o olhar de Kurt Cobain, estampado em uma grande bandeira estendida, estão os irmãos Orlando e Cláudio Fiore à frente do negócio.
— Nossa família sempre foi do comércio e o pai nos deu o espaço para fazer o que quiséssemos. A gente pensou: vamos unir o útil ao agradável, fazer uma coisa que a gente gosta e entende. Sempre escutamos rock e decidimos que era com o que iríamos trabalhar — lembra Orlando.
Os irmãos criaram gosto pelo gênero ao acompanhar as matinês dos cinemas de rua de Passo Fundo. Durante o dia, os locais exibiam musicais de Elvis Presley e The Beatles, numa época em que videoclipes ainda não eram um produto acessível. Com o tempo, cresceram as coleções de vinis e o conhecimento sobre os artistas e suas origens.
— Além de ouvir as músicas, eu gosto de saber a história das bandas e das músicas. Tu sabia que os Beatles não foram os primeiros a cantar e tocar num telhado? Isso virou febre, todo mundo queria tocar no telhado, mas quem começou isso foi o Roberto Carlos — conta o proprietário.
Adaptação ao longo dos anos
Conforme organizava os cabides, Orlando compartilha curiosidades para cada uma das bandas nas camisetas. O conhecimento enciclopédico sobre os artistas é fruto não só da curiosidade, mas da troca com clientes e amigos que frequentam a loja.
— A gente aprende com eles. Sempre tem a versão de um que lê um livro, outro que gosta daquela banda, daí a gente troca ideia. Fora que são de diferentes épocas, às vezes vem crianças que nunca viram um vinil, nem sabem o que é, sendo que antigamente a gente colocava dez vinis embaixo do braço e ia ouvir na casa de amigos. São outras gerações, mas que ainda ouvem esses artistas — disse o proprietário, apontando para os "bolachões" colados no teto.
Com uma televisão ligada em clipes de época, a trilha sonora de quarta-feira (6) era Elvis Presley e Abba.
Apesar do foco no rock'n'roll, Orlando e Cláudio dizem que foi importante se adaptar ao longo dos anos, com novos artistas e gêneros. Os fãs podem encontrar desde artigos de k-pop até aqueles dedicados à cultura gaúcha, como camisetas do Teixeirinha.
— A gente tem uma cidade de 200 mil habitantes e tu tem que agradar as pessoas, né? Para além dos clássicos, que são atemporais. As pessoas buscam essa identificação com os artistas, isso é o que importa — completa.