Elegância: é esse o significado de Diantal no francês de Senegal, o nome da marca do empresário senegalês Cheikh Dia, 32 anos.
Em Passo Fundo desde 2014, ele chegou ao Brasil aos 23 anos sem falar português e, hoje, abre espaço como empreendedor de uma grife de roupas na cidade do norte gaúcho.
Com tecidos, calçados e acessórios importados do Senegal, as roupas são confeccionadas no Brasil através das ideias e desenhos do próprio Cheikh.
As criações nascem da união do estilo encontrado no país da costa africana e a observação do empresário sobre o que é usado entre os brasileiros.
— Eu penso na forma de fazer as peças, vou na costureira, que é brasileira, e digo o que quero fazer. É complexo porque o tecido precisa encaixar com a roupa para fazer sentido. Mas encontramos uma forma de comunicar o tecido brasileiro com o africano — disse ele.
Em pouco mais de um ano de marca, a Diantal cresce no Instagram (@diantalofficial) e faz vendas dentro e fora de Passo Fundo através da internet. Na cidade, parte das roupas ficam expostas no Hub Aliança — por enquanto.
Para os próximos meses, o empresário pretende abrir um espaço próprio e já planeja a coleção primavera-verão.
Trabalhou em frigorífico antes de criar marca
Ao chegar em Passo Fundo, Cheikh entregou diversos currículos para trabalhar na área que se especializou no Senegal: vidraçarias e esquadrias de alumínio. Esse setor, porém, não foi receptivo ao recém-chegado e a alternativa foi trabalhar na área que mais contrata migrantes na região: os frigoríficos.
— Você não tem escolha e acaba trabalhando lá para sobreviver. Meu plano no começo era entrar e sair assim que conseguisse outra coisa, mas acabei ficando cinco anos — lembra.
Apesar dos riscos que empreender impõe, Cheikh decidiu abraçar o sonho e fazer algo diferente antes de entrar de cabeça no negócio:
— Se eu vou entrar na área da moda, então vai ser com algo que traz a minha identidade, de forma elegante, que as pessoas possam usar em qualquer ambiente — contou.
Ao misturar tecidos brasileiros e importados da África, as roupas da Diantal criam combinações únicas que, além de serem compradas pelo WhatsApp, podem ser personalizadas aos clientes sob encomenda.
A proposta, segundo Cheikh, é criar peças únicas com a essência do país de origem e diferentes em sua história e representatividade.
Por isso os preços variam: um conjunto de alfaiataria, por exemplo, sai por cerca de R$ 700, enquanto um sobretudo fica por R$ 400. Um par de chinelos de couro com estampa africana custa R$ 170.
— A roupa tem potência. Quem entende o conceito sabe o poder que elas podem ter. É uma forma de mostrar a nossa cultura, de reconectar com a ancestralidade. A verdade é que você não vai encontrar nada parecido em outro lugar — finaliza.