Com boas expectativas para a safra, impulsionadas pelo clima, a produção do trigo segue em Passo Fundo e região. A queda de temperatura no norte gaúcho contribuiu para o desenvolvimento das plantas que, de acordo com a Emater, apresentam boas condições para o período.
Em 2024, houve uma redução de 16,5% na área plantada nos 42 municípios administrados pela regional: o plantio passou de 138.750 hectares no ano passado para 115.800 hectares. Ao todo, o Rio Grande do Sul deve produzir mais de 4 milhões de toneladas de trigo, o que representa um aumento de 55,27% em relação à safra frustrada de 2023.
A produção deve ser favorecida caso as condições climáticas previstas, de La Niña, se confirmem. O tempo frio, firme e seco é propício para o crescimento da planta, isso porque a cultura é própria do inverno, como explica o gerente regional da Emater, Dartanhã Luiz Vecchi:
— Como a cultura, atualmente, não está em fase de emborrachamento, que é a fase da produção dos grãos internamente, o frio ou a geada não interferem na planta. Inclusive, é importante o frio nessa fase, justamente porque o trigo é uma cultura desta estação e precisa do clima para se desenvolver — afirma.
O La Niña deve trazer chuva abaixo da média em Passo Fundo e em toda a Região Norte. A perspectiva de um inverno e especialmente uma primavera menos úmidos traz uma condição favorável ao trigo.
Mas, segundo o gerente regional da Emater, ainda é muito cedo para definir com precisão o resultado da safra, que deve iniciar a colheita em algumas cidades apenas em novembro. Na região, 50% do cereal está em desenvolvimento vegetativo e os outros 50% em fase de perfilhamento, período em que a planta começa a criar pequenos brotos.
— Na última safra tivemos uma redução no número de grãos colhidos, ou seja, o quilo por hectare foi baixo. A qualidade do trigo também foi muito ruim em função do excesso de chuvas, e a pressão de doenças também foi forte por conta da umidade — explica Dartanhã.
De acordo com a Emater estadual, a produtividade prevista para o trigo neste ano é de 3.100 kg/ha, o que representa elevação de 77% quando comparada aos 1.751 kg/ha obtidos na safra anterior. Mas a estimativa pode mudar, salienta Dartanhã, por conta das questões climáticas e ações de doenças ou pragas que venham a ocorrer.
Em cidades mais quentes, como Não-Me-Toque, Carazinho e Almirante Tamandaré do Sul, as plantas estão com 45 dias. Já na área mais fria, como em Lagoa Vermelha, o plantio foi feito há apenas duas semanas.
Por enquanto, não há uma uniformidade nas lavouras gaúchas, que apresentam variações conforme o impacto e o volume das chuvas que ocorreram após a semeadura. Nas áreas com maiores volumes de precipitação, por exemplo, houve escorrimento superficial e acúmulo de terra sobre os sulcos de semeadura.