O inverno começa oficialmente às 17h50min desta quinta-feira (20) e a estação deve ser impactada pelo fenômeno La Niña. Com o fim do El Niño, o novo evento climático deve se estabelecer no país a partir da metade de julho — e a perspectiva é de chuva abaixo da média em Passo Fundo e em toda a Região Norte.
Conforme Guilherme Borges, meteorologista da Climatempo, além da diminuição na chuva, o La Niña também deveria reduzir as temperaturas. No entanto, a previsão é de dias de inverno com temperaturas acima do esperado.
— A gente deve ter um inverno caracterizado por temperaturas acima da média. Seguimos com influências das massas de ar quente na região central do Brasil, vindas do Oceano Pacífico, e que devem permanecer ao longo do inverno. Mas neste segundo semestre deve ter um alívio para os gaúchos quanto às chuvas — afirmou.
Segundo o especialista, a redução na chuva se dá pela tendência dos bloqueios atmosféricos atuarem de maneira mais fraca em meio ao La Niña, mas o resultado são as temperaturas além da normalidade.
Otimismo na agricultura
Em meio às alterações climáticas, a agricultura também deve ser afetada. Com a colheita da safra de verão praticamente encerrada, os produtores já iniciam a safra de inverno, que tem o trigo como o principal cultivo. Grãos como aveia, cevada e canola também são semeadas nesse período.
Para o pesquisador e agrometeorologista Gilberto Cunha, da Embrapa Trigo de Passo Fundo, os agricultores devem ficar atentos a dois fatores: umidade no início da semeadura e às geadas tardias:
— A umidade como está agora dificulta o estabelecimento das lavouras. A perspectiva de um inverno e especialmente uma primavera menos úmidos traz uma condição favorável. Além disso, antes da primavera, há preocupação com a geada, que pode afetar as culturas já em estágio avançado.
Regiões mais frias, como o Planalto e Campos Acima da Serra, ainda estão em fase de semeadura. Já locais mais quentes, como o Noroeste e Depressão Central, começa a fase inicial do ciclo. Segundo Cunha, mesmo com os alertas, a expectativa climática é favorável ao produtor.