Ontem, 11 de março, completaram-se quatro anos da decisão da Organização Mundial da Saúde (OMS) de classificar como uma pandemia a crise da covid-19. Mesmo que o status de emergência não vigore desde o ano passado e o período mais dramático esteja distante, a doença ainda faz vítimas e segue demandando cuidados, em especial em relação aos grupos mais vulneráveis, como os idosos. A principal atitude preventiva é a vacinação, com atenção para as doses de reforço recomendadas.
Covid-19 ainda faz vítimas e segue demandando cuidados, em especial em relação aos grupos mais vulneráveis
Em termos de saúde pública, a grande apreensão dos brasileiros está hoje voltada à dengue. A preocupação é justificada. Afinal, as projeções indicam que o Brasil tende a ter números recordes da enfermidade em 2024. De acordo com o painel de arboviroses do Ministério da Saúde, o país tinha até ontem à tarde 363 mortes confirmadas pela enfermidade transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e outras 763 em investigação. No caso da covid-19, foram 1,7 mil óbitos até o dia 2 de março. Nota-se que, mesmo inexistindo comparação com os dias mais trágicos, o vírus segue fazendo vítimas em quantidade significativa.
O Carnaval, com grandes aglomerações em todo o país, contribuiu para o aumento recente de casos. Felizmente, a quantidade de mortes não acompanhou esta tendência. É um reflexo da alta adesão dos brasileiros à vacinação. Mesmo assim, há parcelas da população mais suscetíveis a complicações. Entre eles estão os idosos. Nesse grupo, a prudência para assegurar o esquema completo de imunização ganha ainda mais importância. Reportagem de Marcelo Gonzatto publicada ontem em GZH sobre os quatro anos da pandemia mostra que, em dezembro do ano passado, conforme estatísticas da Secretaria Estadual da Saúde, 70% dos óbitos por covid-19 no Rio Grande do Sul foram de idosos.
Devem ser ainda reiterados os apelos aos pais e responsáveis por crianças. É em relação à proteção aos pequenos que se concentra atualmente a maior parte das campanhas de desinformação sobre os imunizantes. Isso eleva a hesitação vacinal e causa uma baixa cobertura. Dados divulgados no fim de semana pelo jornal Folha de S.Paulo com informações do boletim Observa-Infância, produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apontam que, ainda hoje, a cada quatro dias três crianças ou adolescentes de até 14 anos morrem devido à doença. Desperta atenção a faixa de idade entre três e quatro anos. Até o final de fevereiro, apenas 23% desse grupo tomou duas doses e somente 7% recebeu três, o esquema considerado completo.
As vacinas contra a covid-19 utilizadas no Brasil são comprovadamente seguras e eficazes. Previnem formas graves da doença e mortes. Desde 2020, mais de 710 mil brasileiros perderam a vida para o novo coronavírus. Destes, 42,7 mil eram gaúchos. Os números de casos fatais são bastante distantes do período mais duro da pandemia. Em 2021, o país chegou a patamares superiores a 4 mil mortes diárias. Mas não é possível se conformar com dezenas de mortes por dia ocasionadas por uma enfermidade para a qual há vacina. O fato de o pior já ter passado não deve ser motivo para negligenciar o esquema completo preconizado para cada grupo e a proteção às crianças.