Merece ser saudada a informação de que o Brasil começa a reverter a tendência de queda nos índices vacinais observada nos últimos anos. A mais recente notícia vinda do Ministério da Saúde aponta que, de nove imunizantes recomendados para crianças de um ano, em oito observou-se aumento da cobertura entre janeiro e outubro em comparação com o ano passado inteiro. O Rio Grande do Sul segue essa tendência, mostram os dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES).
No Estado, foram verificados melhores índices em todas as vacinas recomendadas para os pequenos de um ano
No país, avançou a vacinação contra enfermidades como hepatite A, poliomielite, coqueluche, sarampo, caxumba, rubéola e as doenças pneumocócica e meningocócica. A exceção foi a proteção contra a catapora.
O fato, sem dúvida, é positivo. Até porque foi uma evolução notada em todo o território nacional. Mas isso não significa que seja uma batalha vencida. Ainda é necessário ampliar os índices. Afinal, mesmo com a melhora da cobertura, as metas – alcançar entre 90% e 95% do público-alvo – não foram atingidas. O melhor resultado foi o da tríplice viral de 1ª dose (85,6%).
No caso do Estado, conforme as estatísticas da SES, também até outubro, foram verificados melhores índices em todas as vacinas recomendadas para os pequenos de um ano. Para os bebês com menos de um ano, seis dos oito imunizantes indicados apresentaram maior procura.
Especialistas e autoridades da área da saúde apontam uma série de razões para a queda notada desde meados da década passada na cobertura das vacinas infantis recomendadas. Entre elas, a percepção equivocada de pais de que não seria preciso imunizar os filhos pelo desaparecimento de doenças, o desconhecimento de quais doses integram o calendário nacional e até falta de tempo para levar as crianças aos pontos de aplicação. Mais recentemente, com a pandemia, o movimento global antivacina, com braços no Brasil, fez o desserviço de semear dúvidas sobre a segurança e a efetividade dos fármacos, elevando a hesitação vacinal.
O resultado nefasto dessa soma de fatores é a possibilidade da volta de doenças como a poliomielite, erradicada no país desde 1989. O risco do retorno é hoje considerado alto. Foi o que já ocorreu com o sarampo. O Brasil recebeu certificado internacional de eliminação da enfermidade em 2016, mas dois anos depois o vírus voltou a circular no país.
Um ponto de significativa relevância, neste tema, é o da comunicação. Felizmente, não há mais dubiedade nas mensagens passadas pelo Ministério da Saúde. Pelo contrário, existe um esforço para ressaltar a importância da vacinação e de fortalecer o Programa Nacional de Imunizações (PNI), iniciativa que em 2023 completou 50 anos e é considerada referência mundial. Ações efetivas e informações corretas levadas à população devem fazer o Brasil melhorar ainda mais seus índices no futuro próximo.