Transcorrida quase uma semana da passagem do ciclone extratropical que espalhou devastação pela faixa nordeste do Estado, confirma-se ter sido uma das mais graves e fatais tragédias naturais da história do Rio Grande do Sul. Foram 16 mortes confirmadas como consequência da fúria da chuva e do vento. A tempestade deixou ainda um rastro de destruição em residências e na infraestrutura de dezenas de municípios. Mais de 7 mil pessoas tiveram de deixar as suas casas. Muitas, especialmente as mais humildes, viram as suas habitações serem arrasadas ou perderam grande parte dos bens adquiridos com dificuldade ao longo da vida.
A magnitude da tragédia causada pelo ciclone extratropical exige que a ajuda financeira prometida pelo poder público se efetive rapidamente
A magnitude da tragédia exige que a ajuda financeira prometida pelo poder público se efetive rapidamente, evitando que a liberação dos recursos seja atrasada pela burocracia. O Ministério da Integração Nacional se comprometeu a liberar a verba ainda nesta semana para as cidades atingidas. Espera-se que as prefeituras, em meio à assistência mais urgente à população afetada, consigam ser ágeis na elaboração da documentação necessária. É preciso que contem com o auxílio do Estado e do próprio governo federal na produção dos decretos de emergência encaminhados a Brasília.
O governo gaúcho também anunciou a intenção de reconstruir as casas destruídas. Se fez essa promessa, a despeito da menor disponibilidade de recursos em relação ao poder central, aguarda-se que, da mesma forma, a palavra seja cumprida com a maior brevidade possível. Será necessário ainda um grande esforço para refazer pontes levadas pela força das águas e recuperar estradas, restabelecendo a possibilidade de normalizar o trânsito entre os municípios atingidos e seus acessos.
Um alento em meio à catástrofe climática que se abateu sobre o Estado está na extraordinária mobilização de voluntários para amparar os gaúchos impactados diretamente pelas consequências da tempestade. Rapidamente, em todas as cidades com desalojados e desabrigados, formou-se uma comovente corrente de solidariedade para levar alimentos, preparar refeições e doar roupas, colchões, material de limpeza e de higiene para a população afetada. Mais uma vez os gaúchos mostram que, em momentos dramáticos, não hesitam em exercer a empatia e se unir para apoiar os mais necessitados. As imagens que mostram o volume dos donativos impressionam.
Merece ainda reconhecimento o esforço de pessoas das comunidades envolvidas no salvamento de quem estava em perigo. Assim como mais uma vez foram heroicos os homens e as mulheres da Defesa Civil, da Brigada Militar, do Corpo de Bombeiros, do Exército e os demais servidores públicos entregues ao trabalho de resgate e de acolhimento. Pelos números conhecidos, a BM socorreu 1,2 mil pessoas e, os Bombeiros, outras 2,5 mil. Sem falar no grande número de animais de estimação salvos e no empenho de, dentro das possibilidades em meio à urgência, tentar salvaguardar pertences das famílias surpreendidas pelo vento e pelas inundações.
O ciclone extratropical foi mais um acontecimento a reforçar a necessidade de o Estado estar mais bem preparado para enfrentar eventos climáticos extremos. Mas também foi um novo episódio a confirmar o ímpeto existente na sociedade gaúcha de se engajar rapidamente em ações humanitárias voltadas a minimizar o sofrimento de quem necessita de ajuda.