Por uma afortunada coincidência, um dos eventos emblemáticos do Estado e o mais simbólico da Capital volta a ser realizado a pleno no ano em que a cidade celebra dois séculos e meio de fundação. A 68ª Feira do Livro de Porto Alegre será aberta hoje e vai até o dia 15 de novembro, outra vez em formato completamente presencial. Após duas edições afetadas pela pandemia, sendo a de 2020 apenas virtual e a do ano passado híbrida, a Praça da Alfândega vai outra vez fervilhar à sombra dos jacarandás em flor.
É o retorno à convivência original entre leitores e autores e ao prazer de circular entre os estandes, de conferir lançamentos e garimpar obras
É o retorno à convivência original entre leitores e autores, ao prazer de circular entre os estandes, de conferir lançamentos, de garimpar obras, folhear suas páginas e acompanhar a vasta programação, com palestras, oficinas, debates e sessões de autógrafos. Como em paralelo também se realiza a 13ª Bienal do Mercosul, com a maior parte dos espaços da mostra de arte nas redondezas, surge para os visitantes uma oportunidade única de usufruir de uma rica programação cultural no Centro Histórico da Capital.
Organizada pela Câmara Rio-Grandense do Livro, a feira escolheu para 2022 o tema Uma Boa Festa tem História, reforçando os laços com as comemorações dos 250 anos de Porto Alegre. O vínculo será perceptível por meio do lançamento de obras relacionadas à cidade, exposições, apresentações e gravações de programas sobre a capital dos gaúchos.
A presença de escritores será significativa, possibilitando a interação com o público, como era o usual no período anterior à pandemia. São esperados seis autores estrangeiros, cerca de 20 de outros Estados e mais de 60 do Rio Grande do Sul. A área infantojuvenil, relevante por ser um ambiente de estímulo ao hábito da leitura para crianças e adolescentes, terá a presença de mais de 60 escritores (leia mais no Segundo Caderno).
Outras cidades do Estado, aliás, costumam fazer eventos do gênero nesta época. Caxias do Sul, por exemplo, teve a programação na primeira quinzena do mês encerrada com mais de 33 mil exemplares comercializados pelas bancas dispostas na Praça Dante Alighieri, por onde passaram cerca de 140 mil pessoas. O mercado de livros atravessa um bom momento no Brasil. A pandemia, a despeito de todas as dores e tragédias, teve como uma das consequências o aumento da procura por obras, especialmente no período de maior isolamento social. É o que mostram os dados do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). No acumulado do ano até a primeira semana de setembro, foram 39,87 milhões de obras vendidas, alta de 5,2% ante igual intervalo de 2021, com um faturamento de R$ 1,72 bilhão, incremento de 9,1%.
É preciso registrar ainda a passagem de bastão entre os patronos, desta vez com forte carga de emoção familiar. O escolhido para o posto neste ano é o poeta Carlos Nejar, que sucederá o filho, Fabrício Carpinejar. Não faltam, por conseguinte, bons motivos para circular pela Praça da Alfândega e outros locais das proximidades que também abrigarão parte das atividades. Reviver o calor humano e o clima aprazível típicos da Feira do Livro de Porto Alegre, a partir de hoje, pode ser ainda a oportunidade de espairecer em meio a dias marcados pela tensão no país.