Na era do conhecimento, o desenvolvimento está cada vez mais atrelado à busca constante pela inovação, à procura incessante por criar novas tecnologias e ao apoio à ciência. Como é uma aposta de longo prazo, o ideal é que o interesse e a curiosidade sejam despertados ainda na mais tenra idade, para que as crianças e adolescentes de hoje tenham maior inclinação por trilhar o caminho da produção científica na vida adulta, seja em qual área for.
É auspicioso saber que as redes privada e pública de ensino se esforçam para dar vazão à inventividade de crianças e adolescentes
Eventos que permitem o contato com experimentos e expõem invenções fazem parte deste ambiente voltado a alimentar o entusiasmo entre estudantes para a iniciação científica. É exatamente o que faz a 37ª Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), iniciada na terça-feira e que ainda pode ser visitada hoje, nos pavilhões da Fenac, em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. A edição atual é ainda mais especial por ser o retorno ao formato presencial, após um hiato forçado de dois anos devido à pandemia.
Neste ano, são cerca de 660 trabalhos expostos entre alunos de escolas dos Ensinos Infantil, Fundamental, Médio e Técnico. O intercâmbio de conhecimentos é ainda mais enriquecido pela multiplicidade de origens dos participantes. Não são apenas do Estado ou de outras regiões do país. São ao menos duas dezenas de países que marcam presença na Mostratec, considerado o maior evento do gênero na América Latina, organizado desde 1985 pela Fundação Liberato, reconhecida instituição voltada à educação profissional de nível técnico.
Na edição de ontem de Zero Hora, a repórter Karine Dalla Valle cita alguns dos experimentos espalhados pelos estandes produzidos pelos alunos. São trabalhos sobre o comportamento de formigas para a compreensão da mente de psicopatas, soluções para racionalizar a coleta de lixo e invenções como uma garrafa de água que dispara alarme lembrando horários recomendados para a hidratação, inclusive com a indicação do volume mais adequado a ser ingerido. Em texto na mesma página, referente a outro assunto, é noticiado que estudantes da Escola Estadual de Ensino Médio Frei Plácido, de Bagé, na Campanha, tiveram um projeto aprovado pela Agência Espacial Norte-Americana (Nasa). Foi a única instituição do país com uma ideia aprovada em uma seleção voltada a buscar soluções para a exploração espacial. No caso, desenvolveram um veículo que poderia se deslocar por terrenos semelhantes ao da Lua e de Marte, movido a pedaladas.
Todos esses exemplos comprovam que no Rio Grande do Sul não faltam talentos e boas ideias desenvolvidas por métodos científicos com potencial de aplicações práticas. É auspicioso saber que, a despeito de eventuais dificuldades estruturais ou limitações, as redes privada e pública de ensino compreendem a importância de dar sustentação à pesquisa e se esforçam para dar vazão à inventividade de crianças e adolescentes gaúchos.