O governo gaúcho apresentou há menos de dois meses o programa Avançar na Educação, acenando com um vultoso investimento de R$ 1,2 bilhão na área. Uma das principais promessas contidas era a de exatamente resolver, até o final do próximo ano, todos os problemas estruturais das escolas da rede estadual. É um compromisso, sem dúvidas, ousado. Tanto pela agilidade que será necessária para o governador Eduardo Leite cumprir a palavra, vencendo a morosidade e a burocracia habituais das obras públicas, quanto pelo grande número de colégios que terá de atender.
Espera-se que se agilizem os reparos mais urgentes e, ao mesmo tempo, sejam iniciados ou apressados os trâmites para as reformas de maior porte, onde forem necessárias
Foi conhecido na semana passada um levantamento do Cpers-Sindicato que visitou 186 escolas de 60 municípios. É uma amostra pequena dentro das mais de 2,3 mil instituições geridas pelo Estado. Mas as constatações são alarmantes. Foram encontrados prédios sem energia e água, infiltrações, locais com risco de desabamento, salas de aulas interditadas, entre outros problemas, além da escassez de funcionários e professores. O mínimo que se espera é que, com a aproximação do período de férias, se agilizem os reparos mais urgentes que podem ser executados com recursos da autonomia financeira das escolas para assegurar condições adequadas para receber os alunos no início do próximo ano letivo e, ao mesmo tempo, sejam iniciados ou apressados os trâmites para as reformas de maior porte, onde forem necessárias.
Os conflitos entre o sindicato que representa os professores estaduais e a maior parte dos governos são históricos. Não é necessária nenhuma perspicácia para compreender que uma das intenções do Cpers, com o dossiê, é fustigar o Piratini e denunciar o que, na visão da entidade, seria um descaso com o ensino. Mas cabe ao governo gaúcho, em vez de rebater o levantamento, utilizá-lo como um subsídio proveitoso para os seus propósitos de melhorar a estrutura física das escolas. Se assim agir, ganham os alunos, os professores e o próprio governo. Ganha a educação. A sociedade também tem o direito de conhecer a realidade e o dever de acompanhar e cobrar soluções.
Melhorar o nível de aprendizado é uma das grandes metas do Estado, por ser uma precondição de desenvolvimento. Com a pandemia, o desafio aumentou, pelo déficit no ensino pela evasão. Ter escolas em condições dignas, para professores, estudantes e funcionários, é basilar para que alunos voltem ou permaneçam nas salas de aula e tenham melhores possibilidades de aprender. Por outro lado, o Estado atravessa um momento financeiro raro nas últimas décadas, com recursos disponíveis para investimentos. Assim sendo, não é possível admitir que continuem a existir escolas em situação precária e com falta de recursos humanos. Os obstáculos da burocracia têm de ser contornados. A promessa do governo gaúcho foi clara: resolver todos os problemas estruturais das escolas da rede estadual. O que se aguarda, portanto, é tão somente o cumprimento do anunciado.
Se foi possível obter melhores indicadores na área, com impacto na vida real, é preciso acreditar que se possa também melhorar o desempenho na educação e na saúde