Depois de tanto tempo de convivência com o vírus da covid-19, é possível afirmar que a população aprendeu a importância de todos os cuidados exigidos para diminuir os riscos de contaminação e autoridades de saúde e poder público adquiriram conhecimento suficiente para calibrar o ritmo de reabertura de atividades. Esse conhecimento acumulado, escudado pelo avanço da vacinação, torna possível que paulatinamente a interação social seja retomada, desde que seguindo protocolos rígidos que diminuam as chances de novos indesejados retrocessos.
Este é o momento de testar, inclusive, o comportamento dos torcedores, avaliar e readaptar protocolos, se necessário, sempre seguindo normas de segurança
São essas premissas que tornam justificável a decisão do governo gaúcho de decidir pela permissão da volta do público aos estádios e ginásios esportivos, mas com capacidade limitada. De acordo com as normas estabelecidas pelo Piratini, a ocupação será de no máximo 40% dos espaços, mas em números absolutos o teto é de 2,5 mil torcedores. Se é aceitável a volta de pessoas às arquibancadas, é mais ainda elogiável a postura de adotar a cautela como regra, com contingentes reduzidos. Este é o momento de testar, inclusive, o comportamento dos torcedores, avaliar e readaptar protocolos, se necessário, sempre seguindo normas de segurança que minimizem os riscos de transmissão do novo coronavírus, ainda mais com a chegada da variante Delta ao país, apontada como mais transmissível.
A principal variável a ser observada será, sem dúvida, a conduta do público. No mês passado, a prefeitura de Belo Horizonte testou a liberação de público em dois jogos, mas as cenas de aglomerações dentro e fora do estádio e o desrespeito à obrigação do uso de máscara levaram a administração municipal a considerar a experiência fracassada, decidindo voltar à proibição da presença de torcida nas partidas.
Agora, no Estado, o governo diz que está seguindo de certa forma o modelo adotado na Expointer, com lotação limitada, venda de ingressos pela internet ou por antecipação e uso de máscara pelos frequentadores. Cabe aos torcedores, apesar do caráter passional do esporte, ter responsabilidade para que não sejam necessários passos para trás. Que deverão ser dados, se for preciso. O número diário de mortes por covid-19 no país e no Rio Grande do Sul vem diminuindo, assim como internações e casos. Mas, mesmo longe do pico, ainda na quarta-feira, por exemplo, mais de 600 pessoas perderam a vida para a doença no Brasil. Uma quantidade ainda inaceitável. A pandemia, como volta e meia é necessário repetir, ainda não acabou. Os cuidados individuais e coletivos permanecem indispensáveis.