A realização das Paralimpíadas de Tóquio é um momento ímpar para refletir sobre o real sentido do esporte e da inclusão. Durante os próximos dias, milhares de competidores de todos os continentes nos brindarão com a oportunidade de derrubar preconceitos. O mais comum, ao assistir pessoas com algum tipo de deficiência subindo ao pódio, é jogar sobre a cena um olhar de comiseração.
Trata-se de um erro e, ao mesmo tempo, do desperdício de uma chance, a de aprender sobre adaptação e superação. A imensa maioria dos homens e mulheres que viajaram ao Japão têm o direito de serem reconhecidos pelo seu talento, ainda mais admirável diante dos obstáculos que tiveram de superar para atingir a alta performance no esporte.
Tão importantes quanto as vitórias no Japão, são os exemplos que devem inspirar políticas perenes de respeito à diversidade
Mas se em Tóquio as pistas, as piscinas, os campos, os ônibus e os alojamentos são adaptados às necessidades das pessoas com deficiência, o que se vê fora desse ambiente ideal ainda é, de modo geral, omissão e desrespeito. Já evoluímos muito no Brasil, com leis que obrigam prédios e eventos, públicos e privados, a contemplar as peculiaridades dessa parcela da população.
Ainda falta, porém, o mais importante: construir a ponte entre a piedade e a inclusão, que reconhece e valoriza talentos, potencialidades e ganhos de uma sociedade mais plural e acessível. Não resta dúvida de que o aspecto humano é o preponderante nessa linha de raciocínio. Há, contudo, inegáveis ganhos econômicos no processo de inclusão, com o fomento a tecnologias e soluções que acabam por beneficiar a toda a sociedade, além, é claro, da geração de empregos e de renda.
O Brasil, graças aos investimentos de governos e de empresas, se tornou uma potência paralímpica. O país tem tudo para repetir, agora, seus desempenhos anteriores. Em 2016, no Rio, foram 72 medalhas. O Rio Grande do Sul, que tem dez representantes em Tóquio, ocupa lugar de destaque na delegação. Tão importantes quanto as vitórias no Japão, são os exemplos que devem inspirar políticas perenes de respeito à diversidade, ao trabalho, à cooperação e à inovação.
Essa é a maior vitória que o esporte pode proporcionar, não apenas para aqueles que chegam ao pódio paralímpico, mas principalmente pelo exemplo que eles oferecem a centenas de milhares de pessoas com deficiência que, inspirados pelas competições, encontram motivação para superar seus limites e para reivindicar respeito e oportunidades de crescimento pessoal e profissional.